Em meio a casas destelhadas e paredes inteiras no chão, centenas de moradores das áreas de Xanxerê mais atingidas pelo tornado na tarde de segunda-feira reviram entulhos em busca de documentos, fotos ou pertences importantes. Dados atualizados pela Defesa Civil na manhã desta terça-feira mostram que, até o momento, 600 pessoas foram atendidas com lonas e materiais de emergência.
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Duas mortes foram confirmadas. O motorista de transporte escolar, Alcemar Sutil, de 31 anos, não resistiu após o imóvel em que estava desabar sobre ele e a família. O filho dele, de oito anos, está internado no Hospital Regional de Chapecó. A segunda vítima é Deonir Comin, de 48.
Até o momento, ao menos 120 pessoas foram encaminhadas para centros de saúde de cidades de região, sendo três com bastante gravidade. Outras três pessoas sofreram amputações.
Segundo a Defesa Civil, o tornado - que pode ter atingido 200 km/h - alcançou uma área aproximada de 250 quadras em Xanxerê. Estima-se que foram 2,5 mil casas afetadas pelo temporal.
Serviços de emergência de Xanxerê estão concentrados no quartel dos bombeiros. Entretanto, dificuldades são encontradas até pela corporação: nesta segunda, por exemplo, os próprios bombeiros ficaram mais de quatro horas sem comunicação por rádio ou telefone. 60 bombeiros foram deslocados de cidades do Estado para auxiliar nas operações.
O Exército também deve atuar no apoio aos moradores de Xanxerê. A Defesa Civil de SC solicitou a presença de 100 militares e 10 caminhões.
Cenário de destruição em pelo menos seis bairros
As ruas de Xanxerê estão tomadas por fios das redes elétrica e telefônica. Árvores caíram no pátio das casas. O chão está repleto de telhas quebradas e zinco retorcido. O telhado do Ginásio Municipal Ivo Sguissardi ficou todo retorcido. Havia crianças no local, mas ninguém ficou ferido.
Entre os bairros mais atingidos estão Pinheiros, Primo Tacca, Bortolon, Esportes, São Jorge e Collato.
A casa de Juraci Ferreira se partiu em dois: a sala e alguns quartos foram parar no meio da rua, a 20 metros do restante da moradia. Sobrou um pedaço do banheiro e a garagem, que também estão parcialmente destruídos. A chaminé da churrasqueira ameaça cair sobre quem chegar perto.
- Sorte que ela estava na tia e minha mulher estava comigo - afirmou Juraci, que tinha ido para Lajeado Grande buscar uma carga de bois.
Alguns também estão sendo transferidos para hospitais de cidades vizinhas, como Xaxim e Faxinal dos Guedes. Os Bombeiros também receberam reforços de outras cidades da região como Chapecó. Há uma força-tarefa para conseguir lonas, agasalhos e até geradores para as unidades de saúde, já que não há energia.
* Com informações do repórter Darci Debona