A inflação bateu novo recorde em Santa Maria e no país no mês de março. E diante de um cenário de altas de preços no supermercado, na energia elétrica, na gasolina e na farmácia, o consumidor busca alternativas para reduzir as despesas. Esse caminho passa obrigatoriamente por mudanças de hábitos. No supermercado há três medidas que podem garantir uma conta menor: trocar marcas, eliminar supérfluos da lista e ir às compras com mais frequência.
Na cidade, a inflação já soma 4,26% nos três primeiros meses do ano, conforme o Índice do Custo de Vida de Santa Maria (ICVSM), divulgado ontem, pelo Centro Universitário Franciscano. O IPCA, que mede a inflação oficial do país, também bateu recorde. Além do supermercado, gastos extras com energia elétrica e combustíveis também exigem mudanças de atitude.
- A gente limitou o tempo de TV para a nossa filha e brinca no pátio, enquanto está claro, para poupar luz. Além de cortar besteiras, como bolachas e doces - explica a fotógrafa Franciele Borges, 23 anos.
Por marcas mais baratas
A aposentada Terezinha Bortoluzzi de Oliveira, 65 anos, está experimentando marcas alternativas para produtos que costuma comprar:
- Procuro as marcas com preços menores, em todos os setores, mas principalmente em produtos de limpeza.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Santa Maria (Sindigêneros), ainda não é possível notar o impacto dessas mudanças nas vendas, mas ele considera que a comparação é benéfica:
- Hoje, devido ao crescimento da tecnologia, mesmo as marcas inferiores têm um produto mais aceitável. O consumidor topa experimentar, por ser mais barato. É salutar que isso ocorra, pois mantém a competitividade e os preço das mercadorias.
De acordo com o economista que coordena o ICVSM, Mateus Frozza, vale a pena comparar marcas e estabelecimentos. Segundo ele, já foi possível notar esse comportamento na Páscoa:
- Esta foi a Páscoa da Garoto. As marcas líderes, Nestlé e Lacta, ficaram em segundo plano para muita gente.
É proibido fazer rancho
Fazer compras uma vez por mês, por exemplo, pode induzir ao exagero. O consumidor pode acabar levando para casa mais do que realmente precisa, prevendo o longo intervalo até a próxima compra. Adquire-se em grandes quantidades e, quando os produtos não são consumidos, estragam e vão para o lixo. Pode parecer que não, entretanto, mês a mês, essa conta pesa bastante no bolso.
Uma boa saída é fazer compras semanais. Se uma família gasta, por exemplo, cerca de R$ 1 mil todos os meses com compras, mas decide poupar 10% (R$ 100) deste valor ao cortar itens supérfluos, o saldo final depois de um ano de economia vai ser de R$ 1,2 mil - mais do que o suficiente para um mês inteiro.
- Desde que os preços subiram, estamos deixando de consumir algumas coisas, mas a maior mudança é ir mais vezes ao supermercado. Até três vezes por semana eu vou a um mercado para aproveitar as promoções de cada dia e comprar só o que vou usar mesmo - explica a técnica em enfermagem Rosane Teixeira, 49 anos.
Para o analista de mercado Jackson Albeirice, as visitas semanais ao mercado podem ajudar a criar uma economia média de 25% a 30%. Isso porque o consumidor pode adaptar melhor sua lista de compras ao que realmente é necessário na casa naquela semana específica.
O monitoramento pode ajudar e pegar boas promoções do dia, além de garantir uma alimentação saudável para toda a família. Já na opinião do economista Mateus Frozza, aumentar a frequência das compras só interfere no valor total dos gastos se prevenir desperdícios. A vantagem mais comum costuma ser a de poder aproveitar a variação para baixo dos preços de hortifrutigranjeiros.
O que os consumidores estão fazendo
"Estou preferindo as marcas mais baratas e indo mais vezes ao supermercado, comparando também os preços em diferentes lojas. Algumas coisas, como pizza e outras bobagens, estou consumindo bem menos". Rosane Teixeira, 49 anos, técnica em enfermagem
"Procuro sempre o que está mais barato e cuido os dias de promoção". Aliceu Nunes de Souza, 41 anos, comerciante
"Tenho procurado diminuir. Reduzi a quantidade e a variedade de produtos de limpeza". Sueida Menezes, 60 anos, médica veterinária
"Estou buscando um equilíbrio entre preço e qualidade, principalmente na fiambreria". Terezinha Bortoluzzi de Oliveira,65 anos, aposentada
"Compro só o necessário, mas diminuí a quantidade. Não faço mais estoque de azeite, por exemplo". Mariza Ferraz Stumpf, 57 anos, dona de casa
"Estou comprando menos tomates e em vez de um bife melhor, compro chuleta". Luiz Rogério Borges, 40 anos, motorista.
"Já precisei trocar a marca do macarrão, para poder manter as marcas de outros produtos que gosto de consumir, como por exemplo de café. Na compra da carne, também precisei trocar do patinho por coxão". Simone Regina Maciel, 47 anos, agente penitenciária
"Troquei a marca do macarrão. Na erva-mate, diminuí o consumo e troquei de marca, preferencialmente por alguma que esteja em promoção". Joice Medeiros, 52 anos, dona de casa
"O produto que precisei trocar de marca foi o pão integral. A carne também diminuiu a quantidade nas compras". Joelma Rodrigues Dornelles, 40 anos, técnica de enfermagem