A marcha lenta do mercado de trabalho, influenciada pela estagnação da economia e a crise da indústria, atingiu um número bem maior de cidades gaúchas em 2014. Os números esmiuçados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do governo federal, mostram que, ano passado, 128 dos 497 municípios do Estado tiveram mais demissões do que contratações, número 75% superior a 2013.
Na lista das cidades com os maiores saldos negativos, despontam alguns dos polos industriais mais importantes do Rio Grande do Sul e especializados no setor metalmecânico, como Canoas, Caxias do Sul, Erechim e Gravataí, com um desempenho totalmente oposto ao verificado um ano antes.
Em 2013, estavam entre as campeãs na geração de vagas no Estado. De acordo com o Caged, as fábricas fecharam 17,3 mil postos de trabalho no ano passado, e o Estado só teve desempenho positivo, com 28,2 mil contratações a mais do que desligamentos - pior resultado em 12 anos -, graças aos segmentos de serviços e comércio.
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Tradicional centro fabril do Estado, Caxias do Sul teve a maior eliminação de vagas na indústria em 2014, e as perspectivas para 2015 não melhoraram em nada, pelo contrário.
- A situação está bem pior do que no ano passado nesta mesma época. As empresas estão fechando negócios em apenas um terço do que estava previsto - lamenta o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Getulio da Silva Fonseca.
Perspectivas estão pouco otimistas na construção civil e no comércio
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Devido à demanda fraca, a entidade negocia com as organizações de trabalhadores férias coletivas no período próximo ao Carnaval, que poderia ser de 10 a 15 dias, e, na sequência, uma possível flexibilização da jornada, com a possibilidade de as fábricas pararem um ou dois dias da semana.
O curioso é que, na cidade que se destaca de forma positiva, Guaíba, a influência também é de uma indústria, embora a maior parte dos empregos criados tenham entrado na conta da construção civil.
Devido à ampliação da unidade da Celulose Riograndense, o município ficou no azul em 3,34 mil vagas, atrás apenas de Porto Alegre (8,39 mil), cidade com uma população quase 15 vezes maior. A partir deste ano, a planta vai multiplicar por quatro a capacidade de produzir celulose e continuará sendo, na indústria gaúcha, uma exceção em meio ao pessimismo reinante - embora o fim das obras civis também deva pesar nos números do Caged no futuro.
O RANKING POR MUNICÍPIOS
- Antes de iniciar o processo de ampliação, estávamos na faixa de 2 mil empregos, entre próprios e de terceiros, e agora vamos passar para 5,2 mil - diz Walter Lídio Nunes, presidente da Celulose Riograndense, lembrando que as vagas não serão abertas apenas na fábrica, mas também em outros setores, como logística e florestas, e em vários municípios do Estado.
Apesar de ter sido uma das cidades com o maior número de demissões na indústria, Canoas teve mais desligamentos na construção civil. O número é explicado pelo fim da obra da Refinaria Alberto Pasqualini. Apenas dois contratos encerrados, diz Ildemar Alves, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil na cidade, levaram a mais de 5 mil demissões.