A Corregedoria-geral da Polícia Civil (Cogepol) remeteu à Justiça, na tarde desta quarta-feira, o inquérito no qual foi indiciado o comissário Nilson Aneli, 57 anos, por envolvimento em uma rede criminosa da qual era líder o traficante Alexandre Madeira Goulart, o Xandi, 35 anos, que foi assassinado no mês passado em Tramandaí, no Litoral Norte.
Conforme as conclusões da Delegacia de Feitos Especiais da Cogepol, Aneli cometeu crimes previstos na Lei de Organização Criminosa (Nº 12.850/2013), como integrar organização armada, embaraçar investigação criminal e atuar na condição de funcionário público, além de crime de falsidade ideológica.
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Também foram indiciados por integrar organização criminosa armada oito pessoas presas na tarde em que Xandi foi morto, incluindo Marcelo Mendes Ventimiglia, 31 anos, sobrinho de Aneli.
O comissário está preso desde 26 de janeiro. Por ter sido ferido com gravidade e ter dificuldade de caminhar por ser obeso (pesa mais de 200 quilos), a Justiça concedeu a Ventimiglia o direito de prisão domiciliar e determinou que ele seja monitorado por meio de tornozeleira eletrônica.
Aneli beneficiaria o grupo de Xandi com informações privilegiadas, utilizando-se da sua condição de policial. Uma das ações do comissário seria buscar informações sobre investigações relacionadas aos traficante.
Em caso de condenação, Aneli pode ser punido em até 12 anos de prisão pelo fato de o grupo usar armas de fogo e ele ser servidor público. O inquérito da Cogepol soma 1.004 páginas divididos em cinco volumes e contém outros anexos referentes a medidas em caráter sigiloso e a investigações de outras delegacias policiais.
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Outro inquérito contra Aneli será concluído nos próximos dias pelo delegado Paulo Perez, da Polícia Civil de Tramandaí, relacionado ao tiroteio que causou a morte de Xandi. Aneli deverá ser indiciado em três tipos de crime: porte ilegal de arma - foram apreendidas no local do crime três pistolas de uso restrito e uma de uso proibido -, formação de quadrilha e corrupção de menores - havia pelo menos dois adolescentes na casa alugada. As penas somadas, em caso de condenação, podem chegar a 18 anos de prisão.
Estão em andamento, ainda, em Tramandaí, dois inquéritos. Um apura o assassinato de Xandi e outro a suspeita de que o grupo de Xandi se utilizava de produção de eventos musicais para lavagem de dinheiro do tráfico.
* Zero Hora