Enquanto motoristas gaúchos pagam, em média, R$ 3,30 pelo litro da gasolina nos postos, um grupo de Canoas conseguia o combustível sem desembolsar um centavo e em quantidades muito superiores a um tanque de carro popular.
Na última quarta-feira, a polícia descobriu um "gato" em uma tubulação que sai da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). Através de uma mangueira acoplada a um furo no cano, uma quadrilha abastecia caminhões-tanque para a venda do produto que conseguiam de graça. As informações são da Rádio Gaúcha.
- A Refap identificou uma queda de pressão no sistema. Descartada a possibilidade de vazamento, eles acionaram a polícia. Chegamos lá e encontramos uma engenhoca - relata o delegado Daniel Ordahi, de Canoas, acrescentando que a polícia ainda não sabe desde quando o grupo agia, nem quanto de combustível foi furtado.
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No exato ponto onde o combustível era desviado, foi instalado um outro cano em volta do duto. Isso possibilitou o uso de uma mangueira que, enterrada por cerca de 300 metros em meio ao mato, levava a gasolina até um galpão.
No local, onde foram encontrados aditivos líquidos em tonéis, caminhões-tanques eram abastecidos e, de acordo com a suspeita da polícia, distribuíam o produto em postos de combustíveis.
Dinheiro e cheques
No momento em que a polícia chegou ao galpão, duas pessoas foram surpreendidas enquanto carregavam um caminhão-tanque. Um se identificou como o motorista do veículo e disse desconhecer o destino da gasolina ou quem era responsável pelo local. O outro relatou ser o caseiro e apenas cuidar do ponto, também se eximindo de responsabilidade.
- Encontramos documentos e cheques no local que devem nortear as investigações -destaca o delegado.
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Foram apreendidos 42 cheques que alcançam o valor de R$ 120 mil, além de R$ 10 mil em dinheiro. Diversas anotações também foram encontradas e serão analisadas nos próximos dias.
Presos e soltos
A dupla foi presa. No entanto, foram liberados por decisão judicial. Eles devem responder por furto qualificado, crime com pena de dois a oito anos de prisão. Após o processo, mesmo que eles sejam condenados, não devem pegar pena máxima, já que não tinham antecedentes. Assim, a possibilidade de eles serem presos é quase nula.
O caminhão que estava com eles foi apreendido com cerca de 15 mil litros de combustíveis. Se a gasolina fosse vendida pelo preço médio encontrado nos postos, a carga renderia quase R$ 50 mil.
Refap
A assessoria de imprensa da Petrobras foi procurada pela Rádio Gaúcha e informou que o duto era de responsabilidade da Transpetro, uma subsidiária. Já a Transpetro, por meio de nota, informou que está colaborando com as investigações. Segundo a empresa, a polícia foi avisada logo que a suspeita de violação no oleoduto foi identificada pelo Centro Nacional de Controle Operacional, na manhã da última quarta-feira.