Com preços maiores em gastos básicos, como energia elétrica e combustíveis, chegou a hora de o consumidor comum agir como empresário: tentar reduzir custos para que o mês não termine em prejuízo. As famílias precisam buscar meios para planejar o orçamento sem que haja furos. A cultura da educação financeira e do planejamento ainda é muito pequena no Brasil. Nesse sentido, a recessão pode obrigar o cidadão a aprender a se planejar, evitando que gastos pequenos e diários prejudiquem investimentos necessários e até prazerosos.
:: Com gastos planejados, é possível poupar ainda mais
Tudo é uma questão de mudança de atitudes, garante o economista e professor do curso de Economia da Unifra, Alexandre Reis. O uso consciente é um imperativo, caso contrário, essas contas podem causar um choque na renda familiar. Ele estima que os preços podem subir ainda mais e que outros produtos, como alimentos, por exemplo, também devem sofrer o impacto do aumento da energia e do combustível nos próximos meses.
- Abrir mão de certos hábitos e confortos não é fácil, por isso a mudança precisa ser lenta e gradativa. Mas, quem sabe, a gente não percebe que não é tão ruim assim andar de bicicleta às vezes ou tomar um banho mais rápido?
A auxiliar administrativa Kate Valau, 27 anos, e o operador de máquinas Alexander de Freitas, 28, já estão adotando novos hábitos na família. O carro tem ficado mais tempo na garagem e a moto passou ser a primeira opção.
- Na última semana, abasteci R$ 20 e andei 87 km com o carro. Depois do aumento, coloquei os mesmos R$ 20 em gasolina e percorri 66 km. Vou usar o veículo só em caso de muita necessidade, mesmo - avalia Freitas.
A esposa tem cuidado o tempo que a filha de 8 anos fica no chuveiro. Além disso, eletrodomésticos que são pouco usados, como a chaleira elétrica e o micro-ondas, ficam desligados da tomada durante todo o dia:
- Quando nos mudamos, nem pensamos em colocar ar-condicionado. O gasto é muito grande, então optamos por ficar só com o ventilador - afirma Kate.
Economize na conta de luz mudando cinco hábitos
Várias medidas podem ser tomadas a curto prazo e sem custo extra para que a conta de luz do próximo mês não seja motivo de susto. E quem quiser manter o conforto e a praticidade que os eletrônicos e eletrodomésticos oferecem terá que pagar por isso.
O engenheiro eletricista Rafael Beltrame, professor do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), afirma que uma família de quatro pessoas pode economizar 38% da conta de luz seguindo algumas dicas fáceis. Supondo que essa família consuma cerca de 450kWh e pague cerca de R$ 230 por mês (R$ 2.760 em um ano), R$ 101,69 em 12 meses são poupados apenas retirando os aparelhos eletrônicos da tomada ao ir dormir.
De acordo com o engenheiro, os aparelhos que possuem maior potencial de consumo de energia são o chuveiro elétrico e o ar-condicionado. No inverno, aquecedores completam a lista dos vilões, cujo consumo deve ser moderado. Em valores atuais, a economia estimada mudando os hábitos abaixo chega a R$ 87 ao mês, mais de R$ 1 mil em um ano.
Considerando ainda que nos próximos meses deve haver reajuste de até 40% na tarifa da luz, a economia anual pode chegar a quase R$ 1,5 mil.
Pise no freio dos gastos para abastecer
Com a gasolina mais cara nos postos, que tal andar um pouco mais a pé ou usar a bicicleta para fazer trajetos curtos? Além de ajudar o bolso, também é uma ótima pedida para melhorar a saúde. Em vez de ir à farmácia ou ao supermercado que fica a cinco quadras da sua casa de carro, tente fazer tudo isso a pé. Se não for todos os dias, pelo menos em alguns dias da semana.
Se abandonar o carro está difícil, seguindo algumas dicas é possível economizar combustível. Atitudes simples, como manter a pressão adequada dos pneus, desligar o ar condicionado em dias menos quentes e até fechar as janelas do veículo ajudam na economia. A poupança pode chegar a 52,2% mudando cinco hábitos simples.
O gerente de pós-venda e mecânico da Chevrolet, Ivo Farias, explica que o gasto de combustível varia de motorista para motorista. Segundo ele, quanto mais "arrojado" o motorista é no trânsito, mais o carro consome combustível.
- Aqueles motoristas que esticam as marchas e andam em alta velocidade, ultrapassando todo mundo, sem dúvida, têm um prejuízo maior - afirma.
Fazer pesquisa de preços antes de abastecer, principalmente quando o motorista vai encher o tanque, também vale a pena. Mesmo que circular com o acréscimo no peso do veículo acabe elevando o consumo em 1%, a diferença no valor do combustível pode chegar a 8,4%.