O comerciante Odair José Moizinho da Silveira, 29 anos, foi condenado na última terça a 22 anos e oito meses de prisão por tentar matar o adolescente Maurício Luan Maciel de Oliveira, 16 anos, e três familiares do rapaz. Atingido por um tiro de pistola na coluna cervical há quatro anos, o garoto ficou tetraplégico. Silveira estava preso desde 1º de abril de 2014.
Atuando na acusação, o promotor Eugênio Amorim deixou o plenário satisfeito. O advogado Augusto Vieira Stromdahl, defensor de Silveira, prometeu recorrer da decisão ao Tribunal de Justiça.
Presidido pela juíza Tania da Rosa, da 1ª Vara do Júri de Porto Alegre, o julgamento começou às 9h30min e se estendeu até as 19h. Apenas o Ministério Público arrolou testemunhas. Ninguém depôs em favor de Silveira. Ao ser interrogado, o comerciante negou que tivesse atirado. Alegou que os disparos teriam partido de um motoqueiro que fugiu do local sem ser identificado.
Família tem dificuldade para cuidar de menino baleado em 2011
Maurício foi levado ao plenário pela família. Acomodado em uma cadeira de rodas com apoio para cabeça, o garoto também prestou depoimento, apontando Silveira como o autor dos tiros.
- Quero que ele continue preso - disse o garoto, logo depois.
Rede de solidariedade para ajudar o menino
O crime ocorreu em 2 de julho de 2011, na zona norte de Porto Alegre, após uma discussão de trânsito entre Silveira e um cunhado do adolescente, Marcelo Ignácio, que levaria o garoto e suas duas irmãs a um parque de diversões.
Ignácio, que conduzia um Tipo, vinha de Alvorada, na Região Metropolitana, para pegar os três irmãos na Avenida Sertório, próximo ao acesso à Vila Nazareth, na Capital. No trajeto, os motoristas se cruzaram. Silveira, dirigindo um Escort, teria cortado a frente do Tipo de Ignácio.
Quadras depois, os dois pararam na entrada da Vila Nazareth e discutiram. Após o bate-boca, os três irmãos entraram no carro de Ignácio. Em seguida, Silveira, que também morava na vila, teria buscado uma pistola 9mm e atirado na direção da família enquanto o Tipo arrancava. Um disparo atingiu as costas do menino Maurício - perfurou o tórax, o pulmão e a medula, alojando-se na coluna cervical do garoto.
Depois da divulgação do drama do adolescente que sonhava em ser goleiro do Grêmio, formou-se uma rede de solidariedade para a ajudá-lo. O grupo banca despesas com medicamentos e fraldas, além de R$ 280 mensais da locação de uma casa obtida junto à prefeitura de Porto Alegre - que paga outros R$ 500 mediante o programa Aluguel Social. Maurício ganhou a cadeira de rodas, e a família, uma caminhonete para levar o menino a consultas médicas, sessões de fisioterapia e terapia ocupacional.
- Essas mudanças fizeram muito bem para ele. Precisará fazer uma cirurgia delicada na coluna, mas está mais falante e animado - contou a dona de casa Clair Silveira Maciel, mãe de Maurício.