De uma coisa seu Alamir e dona Vera de Castro têm certeza: "o coração de todos da família é forte".
Pelo menos é o que eles afirmam depois que o neto, Jader de Castro Brito, de 26 anos, escapou da morte ao cair do oitavo andar de um prédio em Bento Gonçalves, no dia 13 de fevereiro. A queda de Jader foi último susto pelo qual a família passou depois de uma sucessão de acidentes.
:: Queda do oitavo andar em Bento é a quarta tragédia na mesma família
O primeiro aconteceu há 10 anos, quando Ralf Israel da Silva, na época com 8 anos, foi atacado por um leão durante a apresentação de um circo em Restinga Seca, região Central do Estado, onde a maioria da família mora até hoje. Em outubro de 2013, o carro que Ciro Carlos Brito, hoje com 22 anos, dirigia, colidiu em um caminhão. O veículo teve perda total. Ele e a mulher, que estava grávida, não sofreram nenhum arranhão. Ciro também é irmão de Jader e Ralf.
- Hoje estou ótimo e, às vezes, fico me perguntando se tenho sorte ou azar, mas penso que é a fé que todos nós temos. No final das contas, vejo que sou um sortudo. Só minhas, já se foram quatro vidas - revela Ralf, com os braços e pernas esfoladas, após uma queda de moto na última semana.
E seja sorte ou benção, o fato é que a família atribui a Deus e a Nossa Senhora Aparecida, todos sempre terem escapado com vida, principalmente, Ralf, apelidado como "o sete vidas".
Além das cicatrizes do ataque do leão, dos esfolados da queda de moto, um outro acidente deixou o jovem com uma das vertebras fraturadas e com parafusos e platina em um dos braços. Sem falar da vez que foi atravessar a rua e uma colheitadeira, que passava na hora, enroscou na camiseta que usava e o arrastou por metros. Ralf chegou a ser considerado morto pelos que o socorreram e colocado dentro de um porta-malas.
- Eu tenho minha fé, mas acreditamos que somos protegidos pelas rezas da mãe. Ela benze carros, motos e faz orações todas as noites. - diz a mãe dos meninos, Jucelaine de Castro Brito, 44 anos.
Já recuperados do último susto, ainda sobra bom humor e motivos para agradecerem:
- Sem fé não tem o que nos ampare e ainda bem que todos temos coração forte, senão já teríamos morrido. Mesmo assim, sempre digo para os guris, a gente precisa cooperar com a sorte. Deus tem muita gente para cuidar - brinca dona Vera.