Onze dos indiciados em um caso de pedofilia dentro da Igreja católica espanhola, que atraiu a atenção do Papa Francisco, não poderão ser julgados em função da prescrição dos fatos, segundo uma decisão judicial anunciada nesta segunda-feira.
O juiz Antonio Moreno, do tribunal de Granada, sul da Espanha, considerou que, segundo a lei, era preciso "declarar a prescrição dos delitos de abuso sexual sem penetração, exibicionismo e acobertamento" para os nove sacerdotes e dois laicos denunciados por um rapaz espanhol.
Por outro lado, o juiz decidiu continuar com as ações judiciais contra outro padre, indiciado por fatos que "podem ser constitutivos de delito de abuso sexual continuado com introdução do membro corporal por via anal, e tentativa de introdução de membro viril".
Estes crimes, afirma o juiz, podem ser castigados com uma pena superior a quatro anos de prisão, em virtude do código penal em vigor no momento dos fatos, em 2007.
O escândalo explodiu em novembro depois que a vítima, agora com 25 anos, informou sobre os abusos sexuais que sofreu quando era menor de idade em uma carta dirigida ao pontífice. Francisco incentivou a vítima a denunciar os culpados judicialmente.
Segundo o auto judicial, os 12 acusados, dez padres e dois laicos, foram imputados como autores ou cúmplices dos supostos abusos cometidos contra o homem entre 2004 e 2007, quando tinha entre 14 e 17 anos, em um chalé em Granada.
A vítima era membro da Opus Dei e foi seduzido pelo padre da paróquia que frequentava como participante do coro.
Francisco expressou em 25 de novembro sua "enorme dor" depois de ter conhecimento deste caso através da carta da vítima, que disse temer que outros menores estivessem envolvidos.
Desde sua eleição em março de 2013, o papa Francisco defende a tolerância zero contra a pedofilia, que pode ter produzido milhares de vítimas no mundo todo, atingindo em cheio a credibilidade da Igreja católica.
*AFP