O policial militar Luis Paulo Mota Brentano, que atirou no surfista Ricardo dos Santos na Guarda do Embaú, teve o porte de arma suspenso pela Polícia Militar (PM) há três anos, mas a corporação devolveu a arma ao soldado algum tempo, não especificado, depois. A reportagem do Jornal do Almoço teve acesso aos documentos que comprovam a decisão da PM, que considera o soldado Mota agressivo:
"A análise dos fatos, bem como o histórico funcional do indiciado, revela que o soldado Mota trata-se de pessoa agressiva, não sendo este o primeiro caso em que o mesmo responde por atos de violência injustificada. Em razão do comportamento agressivo demonstrado, sou de parecer que o soldado Mota deve ser retirado imediatamente da atividade fim, sendo absolutamente desaconselhável autorizar o registro ou porte de armas particular ou da corporação". Capitão Ribeiro
O capitão concluiu um dos três inquéritos abertos contra o soldado Mota
na Justiça Militar. Em fevereiro de 2012, o comandante do 8º Batalhão, Coronel Eduardo Luiz do Valles, suspendeu o porte de arma e apreendeu a arma cedida pela corporção ao soldado, após ele ter se envolvido em situação parecida com a que resultou na morte de Ricardinho.
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Em janeiro de 2012, também em um momento de folga, Mota teria se envolvido em uma briga e ido até seu veículo buscar sua arma, que teria sido usada para agredir com coronhadas o homem com quem brigava, segundo denúncia do Ministério Público (MP)
Esse processo corre na justiça e o soldado responderá por lesão corporal. Em outro caso, em janeiro de 2010, o MP denunciou agressão de Mota a um jovem que não quis pagar a conta em uma boate de Joinville.
O afastamento do soldado de funções de rua da PM foi pedido pelo MP em 2 de junho de 2014, mas ele seguiu atendendo a chamados externos. Relatórios da PM mostram que Mota participou de uma ocorrência de furto em supermercado, oito dias após a decisão do MP, outra ocorrência de porte ilegal de arma de fogo na região central de Joinville em julho de 2014, e há três meses, participou da prisão de homens que roubaram uma verdureira. Em setembro, Mota participou de ocorrência que acabou na morte de um homem na zona sul de Joinville.
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O MP investigará agora por que a arma foi devolvida a Mota e se algum comandante quis favorecer o soldado. O promotor Raul Rabello pediu abertura de inquérito policial militar que tem 40 dias para ficar pronto. Com o resultado, o promotor poderá denunciar o comando pelo crime de prevaricação, quando se deixa de praticar ato de ofício para satisfazer interesse pessoal. A pena vai de 6 meses a dois anos de detenção.
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