O artista é a antena da praça, já dizia o poeta. Olhar Global pediu à cantora e atriz argentina Soledad Villamil que analisasse a morte do procurador federal Alberto Nisman. A seguir, a resposta da estrela de O Segredo dos seus Olhos, por e-mail:
Divergências marcam investigação da morte de procurador argentino
Indecisões marcam conduta de Cristina Kirchner no Caso Nisman
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"Diante de tua pergunta, tenho de te dizer que não sou de nenhuma maneira uma especialista no tema, mas uma argentina a mais, que ficou comovida pelas notícias destes últimos dias.
Sem dúvida, trata-se de uma morte trágica e de grande relevância política e social para todos os argentinos. Mais além de saber se se tratou de um suicídio ou um assassinato, a morte de um procurador em atividade e com um caso tão importante como o que estava investigando angustia e comove a qualquer cidadão.
Por outro lado, creio que, como toda situação trágica, está nos dando a possibilidade de lançar luz sobre assuntos obscuros que, até o momento, estavam muito alheios ao conhecimento das pessoas comuns. De imediato, aparece diante de nossos olhos uma trama sinistra de cumplicidades entre os serviços secretos de inteligência, setores do Poder Judiciário e do poder político. Muitas pessoas estão ouvindo pela primeira vez sobre a existência de uma Secretaria de Inteligência com um gigantesco orçamento onde se preparam todo tipo de atos delituosos, desde escutas telefônicas, manobras de extorsão, armação de causas judiciais, infiltração em grupos sociais e sindicais e que atua com total impunidade e sem nenhum controle por parte do Estado.
Creio que os argentinos estamos despertando com dor para uma terrível realidade e nos encontramos ante a possibilidade de que esse "cripto-Estado", como o chamou o jornalista Miguel Bonasso em seu último livro, seja desmantelado. Oxalá assim aconteça."