Tão inusitado quanto o cenário escolhido por dois criminosos para um assalto praticado no dia 5 de dezembro de 2014 foi o desfecho do caso, na tarde desta terça-feira. Um dos homens que haviam praticado uma tentativa de latrocínio (roubo com morte) dentro de um cemitério particular de Gravataí acabou preso pela polícia em outro cemitério, na cidade de Cachoeirinha - desta vez, onde participava de um velório.
José Augusto Barbosa Lara, 32 anos, é considerado pela polícia o mentor do ataque que deixou o proprietário do estabelecimento de Gravataí sem um dos olhos, depois de ser atingido por um tiro na cabeça, além de dois no abdômen. O comparsa dele, Maicon de Lima Pereira, 29 anos, já havia sido preso no dia 23 de dezembro. Ambos foram conduzidos ao Presídio Central.
Segundo o titular da 1ª DP de Gravataí, Eibert Moreira, que conduziu as investigações, a dupla atacou o cemitério no dia em que o dono faria o pagamento dos funcionários, em espécie. Renderam o proprietário em seu escritório, já dentro do cemitério, e levaram R$ 15 mil. Na fuga, dispararam contra o empresário e contra a secretária dele, ferida sem gravidade. Na época, o homem, de 50 anos, chegou a correr risco de vida, mas sobreviveu. No entanto, ficou com as balas alojadas na cabeça e no abdômen e perdeu um dos olhos.
- Identificamos os suspeitos e fizemos o reconhecimento por fotografias com testemunhas e vítimas. Pedimos as prisões temporárias e chegamos, primeiro, ao Maicon. Mas nosso foco era o José Augusto, que foi quem arquitetou o crime. Também partiu dele o tiro que acertou a cabeça do empresário e o fez perder um olho - explicou o delegado.
Bandido velava parente na hora da prisão
Na tarde desta terça, uma denúncia anônima informou à polícia que o criminoso estava em um cemitério de Cachoeirinha velando um parente próximo. À paisana e em viaturas discretas, os policias fizeram campana e pediram reforço de uma viatura ostensiva da Brigada Militar, já que havia mais de 100 pessoas no velório, o que poderia gerar reação e tumulto.
- Ele estava com a mulher e uma criança recém-nascida no momento em que efetuamos a prisão e não resistiu. Já fizemos os reconhecimentos pessoais e todas as vítimas o identificaram - disse o delegado.
Ainda conforme Eibert, José Augusto era foragido do sistema prisional desde maio de 2014, quando rompeu a tornozeleira eletrônica que usava no regime domiciliar. Ele cumpria pena há 14 anos e tinha antecedentes por homicídio, roubo qualificado e porte ilegal de arma, entre outros.