E nquanto o Rio Grande do Sul revisa o sistema de socorro aéreo, o resto da Região Sul prevê a ampliação das estruturas. Paraná e Santa Catarina avaliam como fundamental o serviço para salvar vidas. Ambos os Estados contam com helicópteros que realizam operações de salvamento em parceria com o Samu, e as aeronaves pertencem a instituições públicas.
O Paraná - que tem um helicóptero há sete anos - adquiriu dois outros em 2014 para ampliar as áreas de atuação, antes restritas à região de Curitiba. Para o diretor de Políticas de Urgência e Emergência do Estado, Vinicius Filipak, a atividade é essencial para reduzir o tempo de deslocamento até as vítimas e permitir salvamentos em locais de difícil acesso.
- O custo é elevado, mas o benefício é maior - afirma Filipak.
Secretário recua e diz que convênio com Samu para atendimento aeromédico será mantido
"É um retrocesso escolher outra equipe", diz capitão do Batalhão Aéreo da Brigada Militar
Segurança e saúde sofrem com escassez de verbas do governo
Discrepância de discurso e prática cria desconfiança dos eleitos já no primeiro mês de governo
Em Santa Catarina, o coordenador de urgência e emergência, Ramon Tartari, classifica como "imprescindível" a manutenção e ampliação do serviço, tanto no resgate de vítimas quanto no transporte de pacientes em grandes distâncias. Ele menciona ainda o transporte de feridos graves a outras cidades e o atendimento neonatal.
- Helicópteros reduzem o tempo de resposta, especialmente nas situações de gravidade, o que faz toda a diferença em salvar ou não salvar a vítima - diz Tartari.
No RS, o tema está envolvido em polêmica nos últimos dias. A ZH, o secretário de Saúde, João Gabbardo, disse que a atividade - hoje realizada por meio de termo de cooperação entre Samu e Brigada Militar, ao custo mensal de R$ 156 mil - era "totalmente dispensável" e que o atendimento poderia ser feito por via "terrestre com uma eficiência melhor". No dia seguinte, voltou atrás, mas afirmou que o atual grupo de 15 profissionais - médicos e enfermeiros do Samu - deverá ser substituído por profissionais vinculados ao Estado e, ao contrário de hoje, sem dedicação integral ao serviço.
Outra controvérsia diz respeito a dois helicópteros comprados pela gestão passada e que serão entregues em fevereiro. Equipados como UTIs móveis, os aparelhos custaram R$ 26 milhões (70% já foi pago).
Ontem, a Secretaria da Saúde informou que o serviço aeromédico "não será desativado" e que irá deliberar a "utilização compartilhada" das aeronaves com a Secretaria da Segurança Pública. Além de ações de resgate e assistência, elas poderão ser usadas no patrulhamento.
Procurador avalia caso
O destino a ser dado aos dois novos helicópteros do serviço aeromédico do Estado pode ser alvo da atenção do Ministério Público de Contas. Ao longo da semana, o secretário da Saúde, João Gabbardo, voltou atrás na decisão de acabar com o atendimento, mas admitiu, na quinta-feira, que o futuro das aeronaves adquiridas na gestão passada é incerto.
O caso é acompanhado pelo MP de Contas desde 2014, quando o órgão questionou a aquisição das aeronaves por suspeita de direcionamento da licitação. A compra chegou a ser suspensa, mas o impedimento foi derrubado. O processo segue em andamento no Tribunal de Contas do Estado.
Questionado sobre a controvérsia, o procurador-geral do MP de Contas, Geraldo da Camino, disse ontem que aguardará a definição do secretário para avaliar a utilização dada aos veículos:
- Em tese, se houver aparente desvio de finalidade, a questão pode vir a ser alvo de análise.
*Colaborou Juliana Bublitz