Há municípios gaúchos que estão longe de cumprir as metas propostas pela ONU. Treze deles ostentam um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo do registrado por Alagoas (0,631), o Estado com os piores indicadores de saúde, educação e qualidade de vida no país.
Veja o desempenho brasileiro nas metas da Declaração do Milênio da ONU
São diversas as causas para o atraso. Dom Feliciano, na região Centro-sul, é o último colocado entre os gaúchos, com IDH 0,587 - bem abaixo da média estadual de 0,746. O prefeito da cidade, Dalvi Soares de Freitas, identifica o motivo: os estudantes faltam às aulas além do tolerável. Não é que sejam relapsos, a culpa é do transporte escolar insuficiente.
Dom Feliciano tem 10 escolas de Ensino Fundamental, quatro delas com o ciclo incompleto. Freitas esclarece que 70% dos 15 mil habitantes moram na zona rural, espalhados em diferentes localidades. Os que habitam lugares remotos estavam distantes das 35 linhas de ônibus que recolhem as crianças. No inverno, em função das chuvas e do frio, aumentavam as ausências em sala de aula.
O prefeito acredita que Dom Feliciano sairá da posição constrangedora na próxima medição do IDH. Ampliou os investimentos no transporte escolar em mais R$ 400 mil - agora totaliza R$ 2,4 milhões. Estendeu os itinerários dos ônibus e inverteu o turno das séries iniciais do ensino básico. Todos passaram a estudar à tarde.
- Qual o pai que colocaria o filho de cinco anos num ônibus, às 5 horas da madrugada, no frio do inverno? - questiona Freitas.
Outra providência foi oferecer o café da manhã nas escolas. Como as crianças levantavam cedo, nem sempre faziam o desjejum em casa e ficavam com aquela broca no estômago durante as aulas.
Saúde a base de ambulâncias
Em Barão do Triunfo, cujo IDH é 0,610 (penúltimo colocado), a dificuldade é na saúde. No município a 97 quilômetros da Capital, próximo à região carbonífera, 80% dos 7 mil moradores moram no campo, e a maioria se dedica à plantação de fumo. O prefeito Rui Valmir Spotti não sabe o motivo, mas diz que, todos os dias, pelo menos 10 pessoas precisam consultar em hospitais de Porto Alegre, São Jerônimo ou Camaquã.
- Temos um total de 12 carros para transportar os pacientes - informa Spotti.
Em 2014, a prefeitura recebeu mais duas ambulâncias e três vans de sete lugares. Em alguns dias, o volume de passageiros chega a 40. Barão do Triunfo ganhou uma unidade sanitária rural com plantão médico, na Zona dos Pachecos, a 23 quilômetros da cidade, na expectativa de que possa diminuir o ritmo da ambulancioterapia.