Cai para 146 mil o número de horas extras mensais acrescidas à jornada normal do efetivo da Brigada Militar nos próximos meses - até 2014, eram 243 mil. A redução de 40% nas horas extras da BM e do Corpo de Bombeiros, ferramenta que supre a defasagem policial no Estado, foi oficializada na manhã desta terça-feira. A economia prevista nas contas do Rio Grande do Sul é de R$ 12 milhões em seis meses - período estabelecido pelo decreto de redução de gastos implementado pelo governador José Ivo Sartori (PMDB).
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Desde a assinatura da medida que restringe despesas, no dia 2 de janeiro, as horas extras de policiais militares e bombeiros estavam limitadas a 60% dos gastos do primeiro semestre de 2014 - medida polêmica em função do receio de redução de policiais nas ruas. Porém, segundo o subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Paulo Moacyr Stocker dos Santos, as horas adicionais não vinham sendo aplicadas desde então.
Agora, a redistribuição dos horários foi definida em reunião na noite de segunda-feira entre o Comando Geral e os Comandos Regionais da corporação. Stocker garante que, apesar do corte, o policiamento não será afetado.
- Em momento algum se mexe no policiamento normal da cidade. O policiamento de rua permanece 100% inalterado. O que pode ocorrer é alguma redução na excepcionalidade.
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Conforme o subcomandante-geral, entre as exceções ao policiamento de rotina estão eventos como manifestações, jogos de futebol, procissões religiosas e operações especiais para combate ao crime. Ao ser questionado se haveria redução no efetivo em eventos desta natureza, ele negou.
- Em algum momento, em algum evento menor, de menor potencial ofensivo, vamos reduzir o efetivo. A comunidade não vai sentir absolutamente nada. Não terá diferença no seu atendimento, no resultado, nos indicadores. Em absolutamente nada - reafirmou.
O coronel também afirmou que, caso seja necessário, a BM pode pedir ao governo uma "suplementação" - ou seja, uma flexibilização ao decreto para ampliar o número de horas extras. Sobre o fechamento de um posto dos bombeiros em Canoas na semana passada por falta de efetivo, Stocker apontou que a medida foi "desnecessária" e que "faltou diálogo".
Presidente do sindicato teme falta de efetivo
Em frente ao Palácio Piratini - a 800 metros de distância do Quartel Geral da Brigada Militar, onde o subcomandante anunciava as medidas -, o presidente da Associação de Cabos e Soldados da BM (Abamf), Leonel Lucas, protestava com um grupo pela convocação de aprovados em concursos da BM e do Corpo de Bombeiros - reflexo, também, do decreto que enxuga gastos. - Quem vai ter o maior prejuízo é a população, com a falta de efetivo. Depois, vem o brigadiano, a quem faltará um colega do lado - disse Lucas.
O presidente do sindicato estima que, de cada cinco policiais militares, quatro fazem horas extras no Rio Grande do Sul. O saldo costumava ser de 42 horas a mais por mês.
* Zero Hora