Autor de livros que buscaram reinterpretar o Brasil, seguindo a tradição de Jorge Amado, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, João Ubaldo Ribeiro o morreu na madrugada de ontem, aos 73 anos, em sua casa no Leblon, na zona sul do Rio, vítima de embolia pulmonar. Baiano radicado no Rio, ele ocupava, desde 1993, a cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras. Enterro deve acontecer neste sábado no mausoléu da ABL.
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Entre suas principais obras, que se tornaram clássicos da moderna literatura brasileira, estão os romances Sargento Getúlio (1971) e Viva o Povo Brasileiro (1984), pelos quais ganhou o Prêmio Jabuti. Diversas obras do autor foram traduzidas para idiomas como inglês, alemão, espanhol, francês e italiano.
Seus livros inspiraram adaptações para cinema, teatro e televisão. Sargento Getúlio virou um longa-metragem do diretor Hermano Penna, em 1983, com Lima Duarte no papel principal. O filme levou cinco Kikitos no Festival de Gramado. Uma versão para o teatro, produzida pela companhia baiana Teatro NU, esteve em cartaz em Porto Alegre em 2012 e em maio deste ano. O romance O Sorriso do Lagarto (1989) se tornou minissérie da Rede Globo em 1991, e A Casa dos Budas Ditosos (1999), romance que conta as lembranças sexuais de uma idosa, foi representado por Fernanda Torres, em 2004 e em 2006, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. O escritor também assinou roteiros para produções no cinema e na televisão.
- Sou totalmente a favor do livro como objeto. Não acho que tão cedo o livro seja substituído. O livro eletrônico tem várias vantagens: por exemplo, você sair de férias e poder levar trezentos livros. Conheço gente que está saindo de férias levando quinhentos livros. Não vai ler nenhum - declarou, em 2011, em um evento literário em Curitiba.
João Ubaldo nasceu em Itaparica (BA), em uma casa com uma grande biblioteca, e começou a ler aos seis anos, por pressão do pai, que era professor e político. O primeiro livro que leu foi Dom Quixote, por causa das ilustrações. Monteiro Lobato também fez parte de sua formação. Começou a escrever na juventude, estreando com Setembro Não Tem Sentido (1968). Titulou-se em Direito, mas jamais exerceu a advocacia. Depois de uma temporada em Berlim, entre 1990 e 1991, radicou-se no Rio. Foi professor, jornalista, colunista e colaborador de veículos de comunicação do país e do Exterior.
Para o poeta Ferreira Gullar, João Ubaldo era "sem dúvida um dos mais importantes escritores brasileiros":
- Fiquei surpreso porque, pelo que sabia, ele estava bem de saúde. Havia atravessado um período de dificuldade, mas se recuperado. Foi uma notícia chocante.
O escritor deixa a mulher, Berenice de Carvalho Batella Ribeiro, e dois filhos, Bento Ribeiro (ex-apresentador da MTV) e Francisca, além de outras duas filhas, Emília e Manuela, do casamento anterior com Mônica Maria Roters.
Confira abaixo fotos da trajetória do escritor: