
O João Ubaldo tinha uma bela voz de baritono e gostava de cantar. A gente brincava que ele era o verdadeiro Dorival Caymi. Mas não era só a voz: na linha do Caimy e do Jorge Amado, de quem ele foi herdeiro literario, o João Ubaldo tinha aquela coisa boa que so pode ser chamada de baianice, mistura de bom humor, sensualidade e talento para viver.
Ele escreveu pelo menos duas obras primas, "Sargento Getulio" e "Viva o povo brasileiro", e seu tema constante era o Brasil e os brasileiros, seus dramas e suas glorias. Como cronista, transformou a ilha de Itaparica numa espécie de microcosmo do Brasil e do mundo, onde todos tinham opinião sobre tudo. A leitura era sempre deliciosa. Está aí, o João Ubaldo era o mais delicioso dos escritores brasileiros.
*Escritor
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