Quando a última ponta de asfalto desaparece na Estrada Acrísio Martins Prates, na localidade de Passo da Areia, em Viamão, é que a viagem do motorista de ônibus Volmir Nunes Jacobsen, 43 anos, começa de verdade. Entre ida e volta, são 92 quilômetros de vias sem asfalto que separam ele e os passageiros da Praia das Pombas, em Itapuã. Na tarde da última quarta-feira, o Diário Gaúcho acompanhou a viagem de Volmir para contar como é andar na linha de coletivo municipal mais longa em estrada de chão entre 11 cidades da Região Metropolitana.
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Linha rural
Motorista e cobrador dos ônibus das linhas rurais de Viamão há 16 anos, Volmir enfrenta diariamente 92 quilômetros de estradas de chão de um total de 102 quilômetros que separam o Centro da cidade e a Praia das Pombas, em Itapuã.
Ele é o responsável pelos horários das 15h10m, do Centro até a Praia das Pombas, e das 17h, no sentido contrário. Na ida, 21 dos 31 passageiros ingressaram nas duas grandes paradas de ônibus da área central da cidade.
- Dos quatro motoristas da linha, sou o único que não mora em Itapuã e faz a corrida ao contrário. Os outros puxam da praia para o centro, retornam e ficam com os ônibus em casa. Afinal, tudo é muito distante para ficar indo e voltando à garagem, no Centro - contou.
Novos ares
Depois de cinco quilômetros de asfalto, nada sobrou da paisagem de concreto que a maioria dos colegas de profissão de Volmir está acostumada a lidar diariamente. Pela frente surgiram vacas, cachorros, paisagens verdes exuberantes e paradas de ônibus em locais curiosos.
Dentro do veículo, que só costuma lotar em dias ensolarados, os passageiros contemplavam a vista ou dormiam - depende da quantidade de quilômetros da viagem.
- Para facilitar a vida deles, quando chove ou tem sol forte, costumo parar na porteira da casa de cada um ou o mais perto que posso para não caminharem muito. A estrada não é boa.
Atoleiro e baldeação
Na tarde da última quarta-feira, chovia fraco há cerca de 12 horas na região. Para a sorte de Volmir e dos passageiros, a chuva que já tinha caído não era capaz de causar a maior dor de cabeça da viagem: atolar o veículo.
- A última vez que atolamos foi há um mês. Choveu a semana inteira e a estrada foi piorando. Quando o ônibus atolou, voltávamos de Itapuã e estava noite. Foi preciso fazer baldeação para seguirmos viagem - recordou Volmir, enquanto cuidava para não cair numa cratera ao lado da estreita pista.
Dia do Motorista
Como é andar na linha de ônibus mais longa em estrada de chão da Região Metropolitana
O Diário Gaúcho acompanhou uma viagem para contar como é andar na linha de coletivo municipal mais longa em estrada de chão entre 11 cidades da Região Metropolitana
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