O leite nunca esteve tão em evidência como nos últimos meses. Adulterações durante o transporte e, mais recentemente, na indústria ligaram o alerta nos consumidores que estão em dúvida sobre qual produto utilizar. Primeiramente, é preciso dizer que não há um tipo de leite que seja imune à má-fé. Independentemente da embalagem, é preciso que o controle e a fiscalização estejam presentes para garantir um produto de boa qualidade. Mas, comparando leites de diversos tipos, podemos destacar os que são mais benéficos à saúde.
O leite pasteurizado, geralmente vendido em saquinhos (como antigamente) ou em garrafas, é o mais indicado. Ele passa por um processo de alta temperatura que mata micro-organismos prejudiciais à saúde, mas mantém as bactérias que fazem bem à digestão, como os lactobacilos. Esse tipo de produto tem prazo de validade menor e deve ser conservado refrigerado até mesmo antes de ser aberto.
“O leite é aquecido apenas para diminuir a carga bacteriana e durar um pouco mais, mas preserva as características positivas”, relata a conselheira da Associação Gaúcha de Nutrição, Jacira Santos.
O leite ultrapasteurizado é vendido comumente em caixinhas. Ele é o chamado longa-vida. Ele não precisa de refrigeração antes de ser aberto e tem prazo de validade que pode chegar a vários meses. O produto é elevado a altíssimas temperaturas que matam os micro-organismos que fazem mal ao consumidor, mas também as bactérias que auxiliam na digestão. O consumo não traz benefícios embora também não traga, essencialmente, malefícios.
“O leite de caixinha passa por um processo para ter longa vida de prateleira, o que favorece muito a indústria, mas ele é um leite que é submetido a um processo que destrói a parte viva do leite”, afirma a nutricionista.
O leite em pó, assim como o leite de caixinha, pode ser utilizado, mas eventualmente.
Operação Leite Compen$ado 5
A quinta etapa da Operação Leite Compen$ado, liderada pelo Ministério Público (MP) gaúcho, foi realizada nesta quinta-feira (8) e terminou com a prisão de três pessoas. Há indícios de adulteração no produto em duas empresas: Pavlat, de Paverama, e Hollmann, de Imigrante. A orientação para quem tem produtos dessas marcas em casas é procurar o mercado onde houve a compra, o Procon ou o MP.
Em nota, a empresa Pavlat relata que a contraprova da amostra identificada com acidez acima do permitido deu resultado normal. A companhia vai aguardar a denúncia formal, o que deve ocorrer na semana que vem, para formular sua defesa. Já a Hollmann deve se manifestar nos próximos dias.
Histórico
A quinta parte da operação ocorre exatamente um ano depois da primeira. A grande questão agora é que se comprovou o envolvimento de indústrias na adulteração do leite. Nas quatro primeiras fases da ação, 13 pessoas foram presas, sendo que quatro foram soltas, e 26 denunciadas. Em dezembro do ano passado, seis réus foram condenados pela comarca da cidade de Ibirubá, no norte gaúcho.
Ao todo, as ações civis já contabilizam 117 bens considerados indisponíveis, 90 veículos e 27 imóveis, avaliados em R$ 10 milhões. Como resultado de assinaturas de Termos de Ajustamento de Conduta com indústrias de leite, já foram revertidos como doações a órgãos públicos cerca de R$ 8 milhões.