Em um intervalo de menos de um ano, um jovem de 24 anos pode ter estuprado, batido e matado de forma cruel duas mulheres em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. A suspeita da Polícia Civil é de que o homem tenha matado a adolescente Ana Paula Sulzbacher, então com 15 anos, em dezembro de 2012, e, liberado pela justiça, teria ateado fogo em Leodete Aparecida da Silva, de 35 anos, em novembro do ano passado.
Desde o dia 17 deste mês, o jovem está preso temporariamente. A polícia concluiu o inquérito na última sexta-feira e já pediu pela prisão preventiva do indiciado - pedido este que havia sido rejeitado pela Justiça no caso Ana Paula. No início do ano passado, o suspeito de atirar a adolescente de um penhasco ficou preso temporariamente por 30 dias e depois ganhou direito de responder em liberdade.
A promotoria criminal de Santa Cruz do Sul não fornece informações, alegando que o caso corre em segredo de justiça - medida que costuma ser adotada em casos que envolvem adolescentes e violência sexual. Mesma justifica fornecida pela polícia para não divulgar o nome do suspeito.
De acordo com a delegada Lisandra de Castro de Carvalho, imagens de segurança de duas empresas ajudaram a identificar o carro que levou a organizadora de eventos Leodete até a rua sem saída no bairro Goiás, na madrugada em que foi encontrada morta, sem as roupas da cintura para baixo.
- O Gol modelo antigo estava em atitude suspeita em pelo menos dois momentos: um quando deixa o local do crime, antes das 4h, a mais de 100 km/h, o que é estranho para uma rua sem saída, e outro quando retorna para lá, uma hora depois, em baixa velocidade e com os faróis apagados, para não ser notado - aponta Lisandra.
O veículo foi identificado pelas características do modelo e também de um adesivo que portava. Depois disso, a polícia acionou a Brigada Militar e forjou uma blitze, já que os documentos do Gol estariam vencidos, para prender o suspeito. Neste momento, para surpresa dos investigadores, descobriram que era o mesmo suspeito da morte de Ana Paula.
No momento, como álibi da morte de Leodete, o jovem disse que o carro não era dele (de fato estava no nome de outra pessoa) e que costumava andar de táxi, como na noite da morte da mulher. Na hora de depor, ele preferiu ficar em silêncio.
- Ele é uma pessoa sedutora, persuasiva e insistente, que não aceita rejeição, pois nos dois casos as vítimas mostram terem resistido, e de ser extremamente violento, visto a forma como matou as vítimas possivelmente para esconder os vestígios de estupro - conclui a delegada.
Morte ocorreu após encontro em casa noturna
Lisandra ainda revela que Leodete e o suspeito se conheciam apenas superficialmente, pelo relato de testemunhas, e teriam se encontrado de forma circunstancial em uma casa noturna, de onde teriam saído juntos. A necropsia confirmou que houve relações sexuais entre eles e que houve luta corporal, pois a vítima apresentava ferimento na cabeça e ossos do braço esquerdo quebrados.
- Acreditamos que eles tenham se desentendido em algum momento e ela tenha resistido a investidas dele, mas não sabemos qual motivo - afirma Lisandra.
A investigação ainda apontou que, após a briga, o jovem deixou o local, voltando depois de uma hora com produtos inflamáveis, provavelmente álcool, e ateou fogo na mulher ainda viva. A suspeita é confirmada pelo fato de a perícia ter apontado que a vitima morreu por asfixia, devido à inalação de fumaça.
Além disso, os relatos de dois entregadores de jornal, que passaram pelo local em momentos diferentes, indicaram que às 5h não havia fumaça no local e, às 5h30min, sim.
Vale do Rio Pardo
Jovem suspeito de arremessar adolescente de penhasco é indiciado por nova morte em Santa Cruz do Sul
Polícia acredita que o homem de 24 anos tenha espancado e ateado fogo em uma mulher de 35 anos em dezembro
Vanessa Kannenberg / Uruguaiana
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