Definitivamente, não compareço mais a cerimônias de casamento, por mais que me insistam os invitantes.
Recuso-me, portanto, a partir de hoje, a comparecer a pompas fúnebres.
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Há certas burrices que para serem pronunciadas necessitam de habilidade e destreza de seus autores.
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Depois de escrever os dois tópicos anteriores, eu deveria aposentar-me.
Não quero me comparar aos autores célebres, mas Baudelaire tinha de ter-se aposentado depois de escrever As Flores do Mal, o mesmo com Tolstoi ao ter escrito Guerra e Paz.
O homem tem de saber a hora de parar.
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Acho que esta mesma curiosidade domina grande parte das pessoas: saber como seria seu enterro.
Será que haverá pessoas chorosas no meu enterro? E, entre elas, mulheres que tivessem me amado na vida ou secretamente?
Quem levaria flores ao meu féretro e as depositaria junto de meu corpo no caixão?
Ou, então, não haveria choro nem vela, e meu enterro, sem o comparecimento de ninguém, se tornaria o meu último e retumbante fracasso?
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Da minha parte, se comparecesse ao meu enterro um reduzido número de pessoas, eu desejaria que no entanto houvesse um recital de violão no meu féretro, também um solo de clarinete estimo imprescindível.
E, se houvesse a suspeita de que ninguém choraria no meu enterro, algum amigo rico tinha de contratar umas 20 carpideiras para chorar durante as exéquias.
E eu também quereria, se não fosse exigir demais, que uma mulher, a que mais amei em toda a minha vida, comparecesse esquiva ao meu enterro, pálida visão que entre os sepulcros erra, e derramasse ela sobre o meu caixão a sua última lágrima.
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E, finalmente, que meu caixão descesse ao sepulcro sob o som de Rosa, do Pixinguinha, e Brasa, do Lupicínio Rodrigues. E, depois que meu corpo fosse coberto de terra, não seria demais pedir que algum amigo recitasse Augusto dos Anjos:
E saí para ver a Natureza.
Em tudo o mesmo abismo de beleza,
Nem uma névoa no estrelado véu.
E pareceu-me entre as estrelas flóreas,
Como Elias num carro azul de glórias,
Ver a alma de Pablo subindo ao céu.