Cerca de dez mil pessoas participaram da manifestação em Porto Alegre na noite desta segunda-feira, em ação que ocorreu simultaneamente nas principais capitais do Brasil. O grupo se reuniu em frente à Prefeitura da Capital, por volta das 18h. O ato, que começou de forma pacífica, terminou em confronto entre parte dos manifestantes e os policiais.
Na Avenida Ipiranga, perto da Erico Veríssimo, o Batalhão de Operações Especiais (BOE) fez um cordão de isolamento durante o protesto. Em seguida, manifestantes quebraram uma viatura da Brigada Militar, na avenida João Pessoa. Diversos contêineres de lixo, além de um ônibus, foram incendiados. Motorista e passageiros foram obrigados a se retirar do coletivo. A BM disparou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.
O grupo seguiu a caminhada pela João Pessoa, em direção ao Centro da cidade. Durante o confronto com a polícia, manifestantes se refugiaram no parque da Redenção.
Ao lado do parque, vândalos queimaram um ônibus da linha T1, da Carris. Parte do grupo, aqueles que evitam e repudiam o conflito, se dispersou em direção ao bairro Cidade Baixa, na Avenida Lima e Silva.
Devido à insegurança, toda a frota da empresa Carris foi recolhida às garagens durante a noite. No começo da madrugada, os veículos voltaram a circular.
De acordo com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), cerca de 50 contêineres foram queimados durante o protesto. Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas e foram atendidas no Hospital de Pronto Socorro ¿ todos foram liberados durante a noite.
Entenda o caso
Diversos protestos, inicialmente contra o aumento das passagens, eclodiram nas capitais brasileiras. As manifestações são organizadas pelas redes sociais, em princípio sem vinculação partidária, e acontecem simultaneamente nas cidades.
Em Porto Alegre, os atos começaram ainda no mês de março. Manifestantes depredaram a prefeitura, a sede da EPTC e também a Associação dos Transportadores de Passageiros. O prejuízo passou de R$ 100 mil, segundo o governo municipal. Os manifestantes reivindicam a redução do valor da passagem para R$ 2,60. A tarifa chegou a subir para R$ 3,05 na capital, mas uma liminar derrubou o reajuste, e o preço segue R$ 2,85. No dia 13 de junho, em um novo protesto pelas ruas do Centro e Cidade Baixa, 23 pessoas foram presas.
Porém, os protestos mais violentos aconteceram na cidade de São Paulo, que registra atos desde 6 de junho. No dia 13, policiais e manifestantes entraram em confronto, e a capital paulista virou um cenário de guerra. Balas e bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas pelos PMs, e os manifestantes respondiam com paus e pedras. Mais de uma centena de pessoas ficaram feridas.
A violência repercutiu internacionalmente. A organização Human Rights condenou a atuação da polícia, e protestos foram marcados em cidades da Europa e Estados Unidos em apoio aos jovens brasileiros.
A segunda-feira, 17 de junho foi intensa: manifestações aconteceram em mais de 10 capitais brasileiras. Desta vez o motivo não era apenas o aumento das passagens, mas também a repressão policial, corrupção, e melhores condições de saúde e educação. Além disso, o momento da Copa das Confederações foi alvo de críticas. Mais de 100 mil pessoas fecharam ruas no Rio de Janeiro, e a Assembleia Legislativa foi depredada. Em São Paulo 65 mil pessoas fecharam avenidas. Em Brasília, houve tentativa de invadir o Congresso Nacional.