As medidas apresentadas há quase um ano pelas secretarias da Saúde do Estado e da Capital para desafogar os hospitais estão em fase de implantação, mas ainda não foram capazes de trazer alívio à sobrecarregada rede de atendimento de Porto Alegre. Um levantamento realizado em quatro das principais emergências hospitalares demonstra que elas operavam, em média, com praticamente o dobro da capacidade ontem à tarde.
Nos hospitais de Clínicas, Santa Casa, São Lucas e Conceição havia 270 pacientes internados em locais com condições adequadas para receber 138 pessoas - ou 95,6% acima da quantidade de leitos disponível. A pior situação foi verificada no Clínicas, onde havia 139 doentes ocupando um espaço onde deveria haver apenas 49 usuários do SUS. Em nenhum dos estabelecimentos existiam vagas sobrando ou em número igual à necessidade. Segundo as assessorias de imprensa dos hospitais, essa situação é constante.
Há quase um ano, em maio passado, em meio a mais uma crise nos setores de urgência, os gestores do SUS em Porto Alegre e no Estado elencaram medidas destinadas a desinflar a ocupação nos estabelecimentos da Capital. Entre elas, implantação de mais unidades de atendimento, hospitais regionais e criação de novos leitos para o SUS.
Foram implantadas, até o momento, seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de um total de pelo menos 30 previstas (veja quadro). Dos três novos hospitais regionais que devem estar funcionando até o final do ano que vem, apenas o de Santa Maria está em obras. Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, os demais estão em fase de projeto ou definição do local onde deverá ser erguido.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre informa que um terço dos 1.077 leitos a serem entregues até o final do ano foram incorporados ao sistema público de saúde até agora. Na avaliação do presidente do Sindicato Médico do Estado, Paulo de Argollo Mendes, essas iniciativas ainda não foram suficientes para provocar um efeito positivo na rede hospitalar, defende mais investimento nos postos de saúde.
- A impressão que temos é de que a situação segue piorando. Precisamos aumentar a resolutividade na rede básica, onde há poucos médicos porque as condições de trabalho são ruins - avalia.
BALANÇO DO SOCORRO ÀS EMERGÊNCIAS
Confira o andamento de projetos apresentados no ano passado, pelas secretarias municipal e estadual da Saúde, para amenizar o esgotamento das unidades emergenciais:
Implantação de UPAs 24h
O que foi prometido
Ampliação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), com atendimento de urgência e emergência de 24h. A previsão é chegar a 30 unidades no Estado, até 2014.
Situação atual
Seis já estão em funcionamento - Novo Hamburgo, Bom Princípio, Santa Maria, Vacaria, Canoas e Porto Alegre. Sete estão com as obras concluídas, ou em fase final: Cachoeira do Sul, Lajeado, Santo Ângelo, Bagé, Bento Gonçalves, Cruz Alta e Alegrete. As demais estão em construção, ou em fase de projeto e licitação.
Construção de hospitais regionais
O que foi prometido
Previsão, até o final de 2014, de implementação dos hospitais regionais em Santa Maria, Palmeira das Missões e Vale do Gravataí.
Situação atual
A obra do Hospital de Santa Maria, com 277 leitos, conforme o governo estadual está próxima do fim. O projeto do Hospital de Palmeira das Missões foi aprovado, mas ainda não começaram as obras para oferecer mais 180 leitos. O estabelecimento do Vale do Gravataí ainda não tem município escolhido para implantação.
Ampliação do Hospital de Osório
O que foi prometido
Ampliação do Hospital São Vicente de Paulo, em Osório, para diminuir a procura de leitos na Capital.
Situação atual
Ampliação foi iniciada. Em setembro, foi inaugurada uma ala psiquiátrica com 12 leitos, mas ampliação da emergência e implantação de UTI segue em andamento.
Mais leitos na Capital
O que foi prometido
Até o final de 2013, deverão ter sido entregues 1.077 novos leitos à rede hospitalar vinculados ao SUS.
Situação atual
O Plano de Ação para a Rede de Atenção às Urgências criou 354 novos leitos desde 2011 até o momento, como suporte aos atendimentos de emergência.