Um crime deixou amigos e familiares de Henrique Fernandes de Mello, 26 anos, em choque neste final de semana. Ele foi esfaqueado no abdômen ao voltar de uma festa com a namorada, na madrugada de sábado, na Praça General Daltro Filho, no centro de Porto Alegre. As agressões teriam sido motivadas por racismo.
O jovem foi internado em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital de Pronto Socorro (HPS), para onde foi levado após ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
- Estamos muito abalados. Isso foi um choque para todos nós - lamentou uma das familiares que preferiu não ser identificada.
O delegado Paulo Cesar Jardim, titular da 1ª Delegacia de Polícia, que está investigando o caso, informou que além da motivação, pelo menos um suspeito já foi identificado:
- Era um grupo de quatro ou cinco neonazistas, que defendem a segregação racial e a oxigenação social, ou seja, "limpar" a humanidade de negros, judeus e homossexuais. O grupo atacou o rapaz negro porque isso faz parte do processo de limpeza de raça que pregam.
Jardim não quis informar o nome completo do suspeito para não atrapalhar as investigações, mas adiantou que se trata de um jovem de 23 anos, que vive no mesmo bairro da vítima, o Jardim Itu, na zona leste da Capital, e que conhecia Mello.
A 1ª Delegacia de Polícia, responsável pelo combate ao movimento neonazista no sul do Brasil, dará prioridade às investigações do caso e trabalha, agora, para identificar os outros integrantes do grupo que atacou o jovem. Segundo o delegado, não há informações de que o rapaz agredido estivesse recebendo ameaças.
- Ainda temos muitos depoimentos para ouvir - ponderou.
Segundo Jardim, nos últimos 10 anos, mais de 45 pessoas foram indiciadas por envolvimento em movimentos racistas ou antissemitas, sendo que a maioria desses indiciamentos também foi por formação de quadrilha e tentativa de homicídio, como no caso deste final de semana.