Foi com os olhos azuis marejados que Ademir Juliani acompanhou a missa depois de duas horas de caminhada até o santuário de Nossa Senhora dos Navegantes.
Embora católico, não tem devoção especial pela santa nem agradecia sua ajuda por alguma graça. Agarrado a um estandarte que usava, ao mesmo tempo, para apoiar-se enquanto conversava com Zero Hora, carregava uma imagem humana e sorridente. Era Fernando Pellin, morto no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria.
Tio do jovem, que trabalhava como bancário em Sarandi, Juliani, que mora em Porto Alegre há dois anos, queria homenageá-lo.
- O cartaz é uma lembrança dele - disse.
O sobrinho de 23 anos estava de passagem por Santa Maria quando resolveu ir à festa na boate Kiss com o amigo, Miguel Webber May. Os dois perderam a vida na tragédia.
Com show de fogos de artifício e apresentações artísticas canceladas em solidariedade às vítimas da tragédia, a celebração fez alusão às famílias de Santa Maria em vários momentos.
Antes da missa, celebrada pelo arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, foi realizado um minuto de silêncio em respeito às vítimas.
Devido à exclusão da programação artística, o evento, acompanhado pelo governador do Estado, Tarso Genro, e pelo prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, encerrou-se por volta das 11h30min.