Com rajadas que superaram os 100km/h, a região sul do Estado acumula estragos. Falta de luz, árvores e postes caídos, casas destelhadas, forte correnteza e até um navio à deriva foram as principais consequências da ventania. Uma pessoa morreu em acidente de trânsito em que as sinaleiras estavam desligadas.
A morte ocorreu em Pelotas. O vendaval causou pane nas sinaleiras do centro da cidade. Nas esquinas das ruas Tiradentes e Almirante Barroso, onde havia o equipamento desligado, um acidente envolvendo uma moto e um caminhão resultou na morte do motociclista Vivaldo Dias Cardoso, 73 anos.
O caso mais inusitado foi em São José do Norte. O navio Log-In Santos se desprendeu e avançou em direção ao centro da cidade, onde encalhou. Não há feridos. Uma equipe da praticagem partiu para o resgate com três rebocadores.
Em Rio Grande, árvores caíram sobre casas, carros e em ruas. As atividades portuárias foram interrompidas. A Marinha emitiu um alerta sobre o perigo da navegação pela forte correnteza. Pelo menos 50 postes foram derrubados, deixando cerca de 20 mil consumidores sem energia elétrica.
Em Piratini, o vendaval derrubou a estrutura do Centro Municipal de Eventos montada para receber o desfile farroupilha no 20 de setembro.
Já em Bagé, o mau tempo trouxe boas consequências. Com a chuva dos últimos dias, as barragens tiveram seus níveis recuperados. A Piraí e a Emergencial já estão cheias, enquanto a Sanga Rasa diminuiu o déficit para 2,9 metros abaixo do nível ideal. O Departamento de Água e Esgoto (Daeb) estuda a possibilidade de acabar com o racionamento de água de 12 horas diárias, que já dura sete meses.
Em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, os fortes ventos provocaram a derrubada de árvores e postes de energia elétrica. O Corpo de Bombeiros atendeu cerca de 30 ocorrências referentes aos estragos. No centro da cidade, um poste foi quebrado pela força do vento e ficou suspenso pela fiação - deixando mais de cinco mil moradores sem luz. Em outro ponto, a queda de uma árvore acabou causando danos à tubulação da rede de água.
Uma análise preliminar feita pela prefeitura de Canguçu sobre os estragos provocados pelo vendaval apontam danos em, pelo menos, 10 residências da zona rural, todas teriam sido destelhadas. O levantamento sobre os prejuízos devem ser concluídos nesta quinta-feira. Na cidade os ventos chegaram a 92 km/h.
O vendaval provocou destelhamentos também em residências da zona rural de Arroio Grande. De acordo com a Defesa Civil, até o final da tarde de ontem não havia a confirmação do número de casas atingidas. O levantamento deverá ser concluído na manhã desta quinta-feira.
Além do destelhamento de residências, o vendaval provocou queda de árvores e postes de energia elétrica no centro da cidade. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, na rodovia que liga o município a Pelotas (BR-116) um caminhão teria tombado devido a força do vento.
Os países vizinhos também sofrem com o vento nesta quinta-feira. As rajadas são provocadas por um ciclone extratropical atuando no Atlântico.
O serviço de meteorologia de Montevidéu elevou para vermelho (o mais elevado) o nível de alerta, prevendo rajadas entre 120 km/h e até 160 km/h, ao mesmo tempo que as autoridades recomendam que a população não saia de casa. Quem ousou enfrentar o vento, teve dificuldades para caminhar pelas ruas de Montevidéu. Cordas chegaram a ser amarradas nos pilares do prédios para que as pessoas conseguissem atravessar as ruas.
Os bombeiros uruguaios, que desde a noite de terça-feira já atenderam mais de 300 chamados, decidiram evacuar alguns dos edifícios mais altos de Montevidéu, entre elas a Torre Executiva, a Torre de Antel e alguns andares do World Trade Center, além de vários outros prédios da Cidade Velha. Os shoppings Montevideo, Tres Cruces, Portones e Punta Carretas também foram fechados.
No Paraguai, pelo menos cinco pessoas, entre eles um adolescente de 16 anos, morreram e 50 ficaram feridas em consequência dos ventos que superaram os 140 km/h. A Direção de Meteorologia do país disse que o fenômeno assumiu características de "tornado de menor categoria", destruindo cerca de 5 mil casas nos departamentos Central, Ñeembucú, Caazapá e Itapúa. Várias áreas da capital Assunção e do restante do país sem energia elétrica nem água potável.
Ventania
Ventania afeta Sul, Fronteira e Campanha
Rajadas passaram dos 100km/h e causaram destruições pelas cidades, além de deixar um navio à deriva
GZH faz parte do The Trust Project