A tradicional mobilização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no mês de abril, que este ano resultou em uma marcha pelo norte gaúcho, contrasta com um fenômeno verificado nos acampamentos espalhados pelo Estado. O número de acampados é um dos mais baixos já registrados pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) - menos da metade da média histórica. O esvaziamento coincide com queda de 72% na área destinada a desapropriações nos últimos oito anos no Estado em comparação com o período anterior.
Embora a redução nos abrigos não afete a capacidade de ações do movimento - vinculado à organização internacional Via Campesina e se mantém capaz de mobilizar contingentes de manifestantes -, altera um cenário que havia se consolidado há décadas. Em um dos principais acampamentos do MST, às margens da BR-386 em Sarandi, o esvaziamento deixa marcas visíveis.
Barracas onde até poucos anos atrás moravam militantes agora estão abandonadas, com rasgos na lona preta exibindo o esqueleto de galhos de árvore que serve de estrutura. Nos abrigos próximos onde mora o sem-terra Luiz da Costa Amaral, 54 anos, não há mais vizinhos.
- Quero deixar uma terrinha para os meus filhos. Mas muita gente não aguenta a espera - lamenta.
Nos últimos quatro anos, o grupo de acampados caiu de 300 famílias para 140. Os números do Incra para o Estado confirmam a queda. O cadastro oficial tem hoje 1.193 famílias em barracas - a média histórica oscilou entre 2,5 mil e 3 mil. Quanto menor o número de sem-terra acampados, menor é a pressão por desapropriações. À medida que diminui a esperança por uma propriedade, cai o número de militantes.
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Notícia
Número de assentados do MST no Estado chega a menos da metade da média histórica
Esvaziamento coincide com queda no percentual de áreas desapropriadas nos últimos anos
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