Quando o assunto é investimento em energia limpa, o Brasil tem ganhado cada vez mais destaque. O país aparece em terceiro lugar no relatório elaborado pela Energy Transition Investment Trends 2024, que elenca os locais que mais atraíram investimentos em energias renováveis. Foram mais de US$ 25 bilhões, atrás apenas de China e Estados Unidos. No Rio Grande do Sul, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) tem demonstrado estar em sintonia com esses números e dado passos significativos em seu processo de transição para o uso de energia limpa. Tal investimento é parte do compromisso da companhia com a sustentabilidade e também com os pilares ESG (ambiental, social e governança).
Hoje, 98% da energia consumida pela Corsan é proveniente de fontes renováveis e é parte de uma estratégia para a redução do impacto ambiental de seus serviços e também para garantir um aumento da eficiência no uso de recursos naturais. Atualmente, 78% do consumo das unidades de baixa tensão da companhia já é abastecido por fontes renováveis, o que reflete os avanços recentes com o início da operação de usinas de renováveis em Itaqui (biomassa e solar) e Crissiumal (hidrelétrica).
De acordo com Samanta Takimi, diretora-presidente da companhia, os investimentos robustos têm como principal objetivo garantir que a matriz energética da empresa se torne 100% limpa até abril do ano que vem.
– Estamos expandindo nossos projetos de Geração Distribuída, como usinas fotovoltaicas e de biomassa, e o pioneiro projeto de Autoprodução de Energia, que será responsável por 85% do nosso consumo a partir de 2025 – informa.
Esse movimento faz parte de um plano mais amplo do grupo Aegea, controlador da companhia, que já diversifica a matriz de geração de energia limpa em 12 Estados brasileiros. A Corsan também traçou como meta, até 2030, reduzir em 15% o consumo específico de energia em suas operações, proposta que está vinculada à emissão de Sustainability-Linked Bonds (SLB), uma operação inédita para empresas de saneamento no Brasil. Samanta avalia que esses investimentos são fundamentais para o futuro da Companhia, pois garantem mais eficiência no uso de recursos naturais, estabilidade no fornecimento de energia e uma significativa redução nas emissões de gases de efeito estufa.
– Além disso, estamos nos posicionando como uma empresa de saneamento à frente das práticas ambientais mais inovadoras, o que também nos prepara para atender às exigências crescentes de regulação e sustentabilidade no setor – ressalta a diretora-presidente.
Atualmente, a Corsan atua em 317 municípios, atendendo cerca de 6,5 milhões de gaúchos, pouco mais da metade da população do Estado. Em julho de 2023, a Aegea Saneamento assumiu a administração da companhia. A partir de janeiro de 2025, a Corsan passa a ter um projeto de autoprodução, que será realizado em parceria com a Elera Renováveis, dentro do complexo fotovoltaico localizado na cidade de Janaúba, em Minas Gerais. A empresa vai fornecer 144 MWp para a companhia gaúcha, o que representa 85% de seu consumo, considerado um marco no setor de saneamento.
Samanta destaca que a principal vantagem desse arranjo é a independência que ele irá trazer para a Corsan em relação ao mercado elétrico.
– Estaremos menos suscetíveis a variações de preço associadas às bandeiras tarifárias e às oscilações no fornecimento causadas por fatores como secas, que têm pressionado os reservatórios do país e levado à ativação de usinas termelétricas, altamente poluentes – explica.
Além disso, segundo Samanta, essa produção própria coloca a Corsan na liderança em termos de responsabilidade ambiental, reduzindo a pegada de carbono e fortalecendo a contribuição da companhia para a transição energética do Brasil, sem depender de fontes não renováveis. Até 2033, serão investidos R$ 15 bilhões para a operação e qualificação da infraestrutura de abastecimento de água e expansão do sistema de esgotamento sanitário, prazo estabelecido para a universalização dos serviços de saneamento no Brasil.