Muito feliz e anestesiada. Foi assim que a mãe e treinadora do medalhista olímpico Caio Bonfim se descreveu no início da entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira (2). Gianette Bonfim comentou sobre a trajetória do filho, que conquistou a prata na marcha atlética na quinta-feira (1º), em sua quarta participação em Olimpíadas.
Ex-atleta da modalidade, Gianette foi oito vezes campeã brasileira, mas não conseguiu participar dos Jogos Olímpicos. Por isso, Caio dedicou sua medalha a mãe, que planejou todo o treinamento que o levou ao pódio.
— Minha mãe não foi a Atlanta, em 1996, por mudanças de critério. Aí, quando fui para Londres, falei para ela: "quem disse que você não foi para Olimpíada?" Estamos agora na nossa quarta e agora posso virar para ela e falar: "nós somos medalhistas olímpicos". Não estou nem acreditando — disse o atleta em entrevista após a prova.
Questionada sobre como se sentia com a medalha do filho, Gianette destacou a experiência de acompanhar todo o processo de criação e preparação de Caio:
— Estou meio aérea com tudo isso de saber que vivi toda a história desde o início. Quando uma criança é gerada e nasce, todo o processo de criar e educar um filho. Depois, os pais geralmente criam, educam e soltam a mão, e aí eles criam asas e fazem seus próprios voos. E agora eu faço parte. Estou voando junto nesse sonho, nessa trajetória que ele decidiu traçar para a vida dele. É lindo e gratificante.
Gianette também comentou a respeito do longo processo em busca de lugar no pódio. A treinadora ressaltou que só de chegar aos Jogos Olímpicos o atleta deve se considerar vencedor, pois está entre os melhores do mundo.
— São os melhores atletas de seus países, os recordistas dos seus países. Isso já é um privilégio. Outro ponto é que não se faz um medalhista olímpico em quatro anos. É trabalho de longuíssimo prazo. Em determinadas modalidades, é mais difícil ainda. Então, você tem uma vida inteira para uma medalha. É um trabalho árduo e difícil — apontou.
Durante a entrevista, Gianette enfatizou também que, tanto no esporte quanto na vida, ganhar e perder faz parte do processo. Ponderou, contudo, que os atletas sempre exigem muito de si e se cobram mais do que as outras pessoas.
A treinadora falou que ela e o filho são muito amigos e que Caio cresceu em meio aos treinos e competições, já que era atleta e, seu marido, o treinador, e que ambos têm um clube de atletismo em Sobradinho, em Brasília.
— Foi uma coisa que passou, meio que está no DNA. E aí ele fez essa escolha e o pai dele e eu fazemos o treinamento e acompanhamos. E criamos a relação estreita de amizade, mas temos uma relação normal de mãe e filho. Nesses anos todos, nunca tivemos nenhum problema em relação a treino e competição — destacou.