Decorado com bandeiras do Brasil, o bar da comerciante Yone Alves, 39 anos, o Enoy (Yone ao contrário) Lanches, é grudado ao Estádio Olímpico, o Engenhão, na zona norte do Rio de Janeiro. Pergunto para ela quantas provas assistiu nos Jogos Olímpicos e quais pretende ver nos Paraolímpicos. A resposta:
– Infelizmente, nenhuma. Era trabalho ou divertimento, e o bar é meu ganha-pão. Tenho três filhos para sustentar. Mas dá muita vontade, daqui dá para ouvir tudo, sentir a emoção.
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Mesmo não podendo ver os Jogos, Yone é só alegria ao falar da competição. E não é para menos. O estabelecimento que vende salgados e bebidas costuma render de R$ 50 a R$ 100 por dia. Na Olimpíada, arrecadou de R$ 500 a R$ 600. Em dias de provas de Usain Bolt, chegou a vender R$ 800.
– O Bolt me ajudou muito – diverte-se Yone.
Sobre a segurança na área, a comerciante disse nunca ter visto nada igual. Policiais da Guarda Nacional e militares do Exército estão por todos os lados.
– Podemos andar na rua coberta de ouro – brinca.
Também vizinha do Engenhão, a costureira Georgelina França, 54 anos, é outra que não viu in loco nenhuma prova da Olimpíada.
– Não fui, não tenho tempo. Abro meu bazar de manhã e fecho só à noite. Além disso, gosto de ver esportes pela televisão – comentou.
Mas, assim como Yone, tem lucrado com o movimento. O bazar passou a vender peças de roupa com as cores do Brasil, e o faturamento cresceu.
– Para mim, está sendo bom. É divertido receber o povo de fora. Eles são alegres – destaca.
A Paraolimpíada fez as vizinhas do Engenhão relembrarem os Jogos Olímpicos, mas elas sabem que a partir do dia 19 tudo voltará ao normal na Rua das Oficinas, em Engenho de Dentro.
– A Olimpíada vai deixar muitas saudades, fiz amizades, conheci pessoas diferentes. Recebi até pedidos de casamento – sorriu a comerciante, ao lado dos três filhos pequenos.
*ZHESPORTES
