A um dia do início dos Jogos Paraolímpicos Rio 2016, a maioria dos atletas que representam o Brasil na competição permanecem desconhecidos para a maioria das pessoas. Diferente dos ídolos olímpicos, que ficam famosos após as conquistas, os para-atletas não gozam da mesma fama. Mas você sabia que o nosso país ficou na sétima posição em Londres, 2012, com 43 medalhas, sendo 21 de ouro?
Nessa edição dos Jogos, o Brasil terá sua maior delegação na história, com 287 para-atletas (185 homens e 102 mulheres), em 22 das 23 modalidades. A expectativa do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é ficar entre os cinco melhores colocados no quadro geral de medalhas, duas posições acima do que quatro anos atrás.
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No ano passado, o CPB elegeu os melhores atletas paraolímpicos do país, em cada uma das 22 modalidades que o Brasil participa dos Jogos Rio 2016. Apenas o mineiro Tui Francisco Andrade de Oliveira, da vela adaptada, foi premiado em 2015, mas não participará dos Jogos. Veja quem são os outros 21 principais para-atletas brasileiros destaques em cada modalidade:
Atletismo - Felipe de Souza Gomes
Felipe é carioca, nascido em Campos dos Goytacazes, e tem 30 anos. Aos 6 anos, começou a perder a visão devido a um glaucoma congênito, seguido de catarata e deslocamento da retina. Embora tenha iniciado como atleta de Goalball, logo se firmou como um dos principais velocistas paraolímpicos do Brasil. Em Londres, 2012, conquistou duas medalhas na Paraolimpíada: um ouro e um bronze.
Principais títulos em 2015:
- Mundial (ouro nos 200m e prata nos 100m em Doha)
- Parapan-Americanos (ouro nos 400m, revezamento 4x100m e prata nos 200m em Toronto)
- Open (ouro nos 100m, 200m e 400m em São Paulo)
Basquete em cadeira de rodas - Lia Maria Soares Martins
Lia é paraense, nascida em Belém, e tem 29 anos. Aos 17 anos, sofreu um acidente de carro e teve que amputar a perna direita, do joelho para baixo. Apesar de a equipe de basquete em cadeira de rodas feminina do Brasil não ter conquistado medalha em Londres, 2012, ela chegou a ser indicada como a melhor atleta paraolímpica do país naquela temporada.
Principais títulos em 2015:
- Parapan-Americanos (bronze em Toronto)
- Campeonato Brasileiro (ouro em Recife, onde foi cestinha da competição)
Bocha - Maciel Sousa Santos
Maciel é cearense, nascido em Crateus, e tem 31 anos. Ele nasceu com paralisia cerebral e, aos 11 anos, começou a praticar bocha. Três anos depois, passou a integrar a seleção brasileira paraolímpica da modalidade. Em Londres, 2012, ele conquistou a medalha de ouro na classe BC2 para o Brasil.
Principais títulos em 2015:
- Parapan-Americano (ouro no individual e por dupla em Toronto)
- Boccia World Open Championships (ouro no individual na Posnânia)
- Boccia Americas Team & Paris Championships (prata por equipe em Montreal)
Canoagem - Luis Carlos Cardoso da Silva
Luis Carlos é piauiense, nascido em Picos, e tem 31 anos. Aos 25 anos, ele descobriu que um parasita havia se alojado em sua medula, o que o deixou paraplégico. Em 2011, começou a treinar paracanoagem e, no ano seguinte, chegou ao vice-campeonato mundial. Ele não disputou a Paraolimpíada de Londres, em 2012, mas foi eleito o melhor atleta paraolímpico brasileiro em 2015.
Principais títulos em 2015:
- Campeonato Mundial (ouro nos 200m KL1 e 200m VL1 em Milão)
- Pan-Americano (ouro nos 200m VL1 em São Paulo)
Ciclismo de estrada - Lauro César Mouro Chaman
Lauro César é paulista, nascido em Araraquara, e tem 29 anos. Desde que nasceu, possui uma deficiência na perna esquerda, na qual um dos pés é virado para dentro. Ele não participou da Paraolimpíada de Londres, em 2012, após ser flagrado com substâncias irregulares em exames antidoping. O atleta vem de uma prata na Copa do Mundo e um ouro no Parapan-Americano do ano passado.
Principais títulos em 2015:
- Copa do Mundo (prata na estrada em Elzach)
- Parapan-Americanos (ouro na estrada, contrarrelógio e prata na perseguição individual em Toronto)
Esgrima em cadeira de rodas - Jovane Silva Guissone
Jovane é gaúcho, nascido em Barros Cassal, e tem 33 anos. Ele perdeu o movimento das pernas ao reagir a um assalto e levar um tiro, em 2004. Anos depois, em 2008, começou na esgrima. Na Paraolimpíada de Londres, em 2012, ele conquistou o ouro em sua classe, e luta pelo bicampeonato nos Jogos Rio 2016.
Principais títulos em 2015:
- Regional das Américas (ouro na espada e no florete em Montreal)
- Grand Prix (ouro na espada e no florete e bronze por equipe na espada em Montreal)
- Copa Brasil (ouro na espada, no florete e por equipe em Curitiba; ouro na espada A e B, no florete B, espada por equipe e prata no florete A em Belo Horizonte)
Futebol de 5 - Ricardo Steinmetz Alves (Ricardinho)
Ricardinho é gaúcho, nascido em Osório, e tem 27 anos. Aos oito anos de idade, ele ficou cego, depois de lutar por dois anos contra um deslocamento da retina. Dois anos depois, ele começou a praticar futebol de 5 para cegos. Ele é bicampeão dos Jogos Paraolímpicos, em Pequim, 2008, e Londres, 2012. Também ganhou o prêmio de Melhor Jogador do Mundo da modalidade em 2006 e 2014.
Principais títulos em 2015:
- Parapan-Americanos (ouro em Toronto)
- Campeonato Brasileiro (ouro no Rio de Janeiro, onde foi artilheiro da competição)
Campeonato Regional (ouro em Curitiba, onde foi artilheiro da competição)
Futebol de 7 - Marcos dos Santos Ferreira
Marcão é sul-mato-grossense, nascido em Dourados, e tem 38 anos. O capitão da Seleção Brasileira de Futebol de 7, que vai para sua sexta Paraolimpíada, tem paralisia cerebral desde que nasceu. Ele fez parte das equipes que conquistaram o o bronze, em Sydney, 2000, e a prata, em Atenas, 2004.
Principais títulos em 2015:
- Campeonato Mundial (bronze na Inglaterra)
- Jogos Parapan-Americanos (ouro em Toronto)
- Campeonato Brasileiro (bronze em Campo Grande)
Goalball - Victoria Amorim do Nascimento
Victoria é carioca, nascida em Itaguaí, e tem 18 anos. Ela ficou cega aos 11 anos, por causa de uma atrofia no nervo óptico. Começou no goalball dois anos depois e, desde então, acumula títulos na modalidade. Ela foi o destaque da seleção que conquistou ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no ano passado.
Principais títulos em 2015:
- Jogos Parapan-Americanos (ouro em Toronto)
- Campeonato Brasileiro (ouro e artilheira da competição)
- Campeonato Regional (ouro e artilheira da competição)
Halterofilismo - Maria Rizonaide da Silva
Maria Rizonaide é potiguar, nascida em Natal, e tem 34 anos. Ela tem acondroplasia, popularmente conhecido como nanismo. Se quando criança precisou enfrentar o preconceito, desde 2011, quando iniciou no halterofilismo, ela é uma gigante do levantamento de peso. A atleta não disputou a Paraolimpíada de Londres, em 2012, mas vem de um ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em 2015.
Principais títulos em 2015:
- Jogos Parapan-Americanos (ouro em Toronto)
- Regional das Américas (ouro na Cidade do México)
Hipismo - Sérgio Froés Ribeiro de Oliva
Sérgio é brasiliense, nascido na capital federal, e tem 34 anos. Ele nasceu com paralisia cerebral por falta de oxigenação na incubadora e também perdeu os movimentos do braço direito depois de um acidente, aos 13 anos. Desde 2002, ele compete pela seleção brasileira paraolímpica de hipismo. Em Londres, 2012, ficou com o sétimo lugar no individual estilo livre.
Principais títulos em 2015:
- CPEDI3 (1º lugar no estilo livre, no individual e por equipe em Araçoiaba da Serra; 7º lugar no estilo livre, no individual e por equipe em Deauville)
Judô - Wilians Silva de Araújo
Willians é carioca, nascido na cidade do Rio de Janeiro, e tem 24 anos. Ele perdeu a visão aos 10 anos, quando brincava com a espingarda de chumbinho do seu pai, e atirou acidentalmente contra o próprio rosto. Em Londres, 2012, ficou na quinta posição na categoria acima de 100kg. Ele vem de um bronze no Mundial e uma prata no Parapan-Americano, ambos realizados no ano passado.
Principais títulos em 2015:
- Mundial da IBSA (bronze no individual e por equipe em Seul)
- Parapan-Americanos (prata no individual em Toronto)
- Grand Prix Internacional (ouro no individual em São Paulo)
Natação - Daniel de Faria Dias
Daniel é paulista, nascido em Campinas, e tem 28 anos. Ele nasceu com má formação congênita dos membros superiores e da perna direita, mas, inspirado no nadador paraolímpico Clodoaldo Silva, se aventurou no esporte e acabou se tornando o maior medalhista paraolímpico brasileiro. Em 2008, na sua estreia nos Jogos, conquistou nove medalhas e recebeu o troféu Laureus, considerado o "Oscar do Esporte". Quatro anos depois, em Londres, foram seis medalhas, todas de ouro. Nesse ano, o multicampeão quer aumentar o número de recordes mundiais, que são seis até agora.
Principais títulos em 2015:
- Mundial (ouro nos 50m costas, 200m livre, 50m borboleta, 50m livre, 100m peito e 100m livre, 4x50m livre e prata nos 4x100m livre em Glasgow)
- Parapan-Americanos (ouro nos 100m livre, 50m borboleta, 200m medley, 50m livre, 50m costas, 200m livre, 4x50m livre misto e 4x100m livre em Toronto)
Remo - Josiane Dias de Lima
Josiane é catarinense, nascida em Florianópolis, e tem 41 anos. Em 2004, dois anos depois de se formar em Educação Física, ela sofreu um acidente de motocicleta e atrofiou a perna esquerda. A partir daí, começou a praticar o remo como forma de diminuir a atrofia. A catarinense tem na bagagem um bronze nas Paraolimpíadas de Pequim, em 2008, e a oitava colocação em Londres, 2012. No ano passado, ficou com a prata na Copa do Mundo.
Principais títulos em 2015:
- Campeonato Mundial (sexto lugar no Double Skiff 2xTA)
- Copa do Mundo (prata no Double Skiff 2xTA)
- Crash (1º lugar no Double Skiff TA)
- Regata Gavirate (3º lugar no Double Skiff 2x LTA)
Rúgbi em cadeira de rodas - Alexandre Vitor Giuriato
Alexandre é paulista, nascido em Campinas, e tem 34 anos. Ele é mais um dos para-atletas que foi vítima de acidente de trânsito, que lhe causou lesões graves na medula e no braço esquerdo. O campineiro, que é tetraplégico, vai para sua primeira Paraolimpíada com a expectativa de trazer uma medalha inédita para o Brasil na modalidade.
Principais títulos em 2015:
- Campeonato Brasileiro (0uro no Rio de Janeiro, onde foi eleito melhor atleta de ataque)
- Copa Brasil (ouro em Niterói, onde foi eleito melhor atleta de ataque)
Tênis de mesa - Cátia Cristina da Silva Oliveira
Cátia é paulista, nascida em Cerqueira César, e tem 25 anos. Ex-jogadora de futebol, ela se acidentou e, depois de anos de fisioterapia, resolveu seguir com a vida atlética no tênis de mesa. Essa será sua estreia em Jogos Paraolímpicos, da qual é uma das grandes candidatas a medalhas no individual e em dupla.
Principais Títulos em 2015:
- Paparan-Americanos (ouro no individual e prata na dupla em Toronto)
- Open (ouro na dupla e prata no individual em Blatislava; ouro na dupla e bronze no individual em Lasko; bronze na dupla em Lignano)
Tênis em cadeira de rodas - Natália Mayara Azevedo da Costa
Natália é pernambucana, nascida em Recife, e tem 22 anos. Em 1996, Natália e sua mãe foram atropeladas por um ônibus enquanto esperavam na parada. Em razão disso, ela precisou fazer uma amputação bilateral, ou seja, das duas pernas. Aos 12 anos, começou a praticar tênis em cadeira de rodas e disputou a Paraolimpíada de Londres, em 2012, aos 18 anos. Na ocasião, não conquistou medalhas, mas vem embalada pelo ouro no Parapan-Americano do ano passado.
Principais títulos em 2015:
- Parapan-Americano (ouro no individual e em dupla em Toronto)
- Copa América (prata por equipe em Barranquilla)
- Open (ouro no individual e em dupla em Uberlândia; ouro no individual e prata em dupla em Santiago; ouro no individual e prata em dupla em Barranquilla)
Tiro com arco - Jane Karla Rodrigues Gogel
Jane é goiana, nascida em Aparecida de Goiânia, e tem 41 anos. Aos 3 anos, ela teve poliomielite, que prejudicou o movimento dos seus membros inferiores. Em 2003, aos 25 anos, ela buscou nos esportes a força para superar as dificuldades. Diferente da maioria dos atletas, ela compete por duas modalidades bastante distintas, o tênis de mesa e o tiro com arco. Em Londres, 2012, ela não conquistou medalhas. Mas vem de um ouro no arco composto em Toronto, no Paparan-Americano, realizado no ano passado.
Principais títulos em 2015:
- Paparan-Americanos (ouro no arco composto em Toronto)
- Copa (ouro no arco composto em Arizona)
Tiro esportivo - Geraldo von Rosenthal
Geraldo é gaúcho, nascido em Campo Bom, e tem 41 anos. Ele nasceu com síndrome de Poland e não tem musculatura peitoral no lado direito, o que prejudica a mão, que tem microdactilia (dedos menores que o normal) e sindoctilia (dedos unidos). Apesar de um título mundial em 2011, não participou dos Jogos Paraolímpicos de Londres, em 2012. Mas, agora, vai ao Rio com o 12º lugar no ranking mundial e a chance de medalha em três categorias: pistola 10m, pistola 25m e pistola 50m.
Principais Títulos em 2015:
- Copa do Mundo (prata por equipe na pistola de ar; bronze por equipe na pistola sport e pistola livre por equipe em Sydney)
Triatlo - Fernando Aranha Rocha
Fernando é paulista, nascido na cidade de São Paulo, e tem 38 anos. Uma poliomielite, aos 4 anos, o deixou sem o movimento das pernas. Aos 16 anos, fugiu do orfanato em que vivia e começou a praticar esportes paraolímpicos. Além do paratriatlo, ele compete no ciclismo adaptado e participou Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia, no esqui cross-country. Ele vem como o número oito do mundo e medalhista de prata no Parapan-Americano, no ano passado.
Principais títulos em 2015:
- Etapa do Campeonato Mundial (ouro em Detroit)
- Pan-Americanos (prata em Monterrey)
Vôlei sentado - Janaína Petit Cunha
Janaína é mineira, nascida em Varginha, e tem 39 anos. Ela já era destaque nas seleções de base do vôlei feminino brasileiro, até que foi atropelada, aos 18 anos, e perdeu força muscular na panturrilha e no quadríceps. Em razão disso, começou a praticar o vôlei sentado, em 2009. Participou das Paraolimpíadas de Londres, em 2012, mas a equipe não chegou a conquistar medalha. Agora, depois da prata nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no ano passado, a intenção é subir ao pódio no Rio.
Principais títulos em 2015:
- Jogos Parapan-Americanos (prata em Toronto)