O Brasil está a três sets do terceiro ouro olímpico no vôlei masculino. Nesta sexta-feira à noite, venceu a Rússia por 3 a (25/21, 25/20 e 25/17) em uma hora e 22 minutos. No domingo, às 13h15min, decide o título com a Itália. Quer saber o tamanho disso? Essa é a quarta final olímpica consecutiva da seleção.
Bernardinho, logo depois de vencer a Argentina, tinha uma certeza: sentar a mão contra os gigantes de Vladimir Putin era suicídio. Serginho, sempre descontraído, usou a figura de uma briga:
– Se a gente for para o pau com os caras, vamos apanhar. Olha o tamanho deles.
Era preciso paciência, sutileza. Mesmo sendo difícil pedir sutileza para mãos pesadas como Wallace e Lucarelli, que foi para a quadra com um pequeno estiramento e um edema em um músculo secundário da coxa.
O que Bernardinho queria dizer, em outras palavras, era o seguinte: os russos são altos como coqueiros. Mas também caem devagar como um coqueiro. Por isso, a ordem era trabalhar a bola e, se possível, jogá-la macia.
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No primeiro set, foi isso que se viu. Lucarelli desceu a mão, como sempre, mas também soltou algumas bolas como se estivesse de luva de pelica. Wallace usou o saque balanceado. O que complicou, por incrível que pareça, a recepção russa.
A torcida, ao ver russo a metro do outro lado, parecia intimidada. E com razão. A impressão era que a quadra ficava menor com Volkov, 2m10cm, Mikhailov, 2m2cm, e Volvich, 2m8cm. Sem contar Tetyukhin, 1m97cm e 40 anos – ele foi contemporâneo de Nalbert! A torcida só acordou quando Lipe salvou de peixinho no fundo, Bruninho levantou e Lucarelli achou um espaço do outro lado para fazer 14 a 13. Dali em diante, empurrou o time até o fechamento do set, com bola macia de. Lucarelli: 25 a 21 em 29 minutos.
O segundo set seguiu no mesmo tom. Com equilíbrio no jogo e o Brasil trabalhando a bola. A torcida, entusiasmada, veio junto. A vantagem no placar, porém, veio apenas com 17 a 16. E veio um grito do fundo do coração:
– Lê, Lêlê-ô, lêlê-ôôô, Brasillllll!
Os russos sentiam o jogo. Nem a presença da bela Elena Isinbayeva na torcida acalmava o time. O Brasil fechou em 25 a 20 em 27 minutos. A final estava a um set. A torcida, sábia, deu o resumo da campanha ascendente na Olimpíada:
– O campeão voltou, o campeão voltou...
O terceiro set começou com boa vantagem do Brasil. Abriu 6 a 2, mas passou a errar a recepção e a tentar encarar o paredão vermelho. Claro que não funcionava. Os russos passaram na frente e fizeram 9 a 8. Mas a seleção retomou a concentração e recuperou a dianteira, com 13 a 10. Faltava meio set. A torcida, percebendo a iminência da vitória, rugia a cada ponto.
E assim foi até fechar em 25 a 17 em 27 minutos. O Brasil está na final. Os gigantes russos terão de brigar pelo bronze com os EUA, no domingo, às 9h30min. Menos mal que, nos dias de hoje, não se tratará para eles de um jogo de vida ou morte como foi até o final dos anos 1980.
Histórico
Na fase classificatória, o Brasil perdeu de virada para os italianos por 3 sets a 1. Mas, historicamente, a vantagem é dos brasileiros quanto à disputa por medalha. Na Olimpíada de Atenas, em 2004, única vez que as seleções se enfrentaram em finais, o Brasil ganhou por 3 sets a 1, ficando com o ouro – medalha que até hoje os italianos não possuem.
A final dos Jogos do Rio ocorre no domingo, às 13h15min. Já a disputa do bronze, entre os EUA e a Rússia, ocorre no mesmo dia, pela manhã, às 9h30min.