Desta vez, o vento não atrapalhou. Apareceu um pouco com a chuva, bem que tentou, mas não conseguiu. As famosas areias de Copacabana, que na noite anterior viram derrotas brasileiras em decisões de medalhas no vôlei de praia, ficaram pesadas com a umidade, mas tiveram um fechamento com chave –literalmente – de ouro. Mais do que isso, a noite de quinta-feira terminou, já na madrugada de sexta, com as 24 horas mais vitoriosas do Brasil na história das Olimpíadas.
Juntando-se ao bronze de Isaquias Queiroz pela manhã na canoagem e ao ouro de Martine Grael e Kahena Kunze à tarde na vela, surgiu em Copacabana o ouro da dupla Alison e Bruno.
Em Copacabana, indícios de que a noite seria mesmo histórica podiam ser sentidos desde o início. Ao lado de fora da Arena do vôlei de praia, uma multidão tomava conta do calçadão com desenhos ondulados. Até a persistente chuva tornava o ambiente mais divertido para o público.
Dentro da Arena, não era diferente. A chuva, a torcida e a legião de campeões e medalhistas olímpicos do vôlei aguardavam desde cedo o momento da decisão. Nosso colunista Paulão, além de Giovane e Tande das quadras, mais Emanuel, Shelda, Ricardo e Sandra Pires da areia, todos sabendo que algo especial estava para acontecer. E aconteceu.
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O começo foi difícil. A largada com 5 a 1 no primeiro set para a dupla italiana Nicolai/Lupo preocupou bastante. Mas a força de uma úmida, porém muito vibrante, arquibancada e os bloqueios de Alison mudaram o cenário rapidamente. A virada veio, um novo susto ocorreu com os italianos passando à frente com 18 a 19, mas a primeira parcial foi nossa: 21 a 19.
O que marcou esse set tem muito a ver com a dupla agora campeã olímpica do vôlei de praia masculino. Sobrinho do ex-jogador de basquete Oscar Schmidt e do apresentador da Globo Tadeu Schmidt, Bruno tornou-se o maior orgulho da família. Superou a pressão do sobrenome para ser o primeiro medalhista nascido num berço acostumado com Olimpíadas. Seu parceiro, apelidado de Mamute pela força física, também sabe superar dificuldades. Chegou a largar a carreira quando derrotado na final de Londres há quatro anos, quando jogava com Emanuel. Incentivado pela mãe, voltou atrás, driblou depressão, cirurgias e chegou onde queria no Rio.
No segundo set, de novo, Alison e Bruno Schmidt levaram sustos. No entanto, a vitória era o destino deles. Com uma parcial de 21 a 17, a história estava escrita.
Nunca o hino brasileiro tinha sido tão ouvido num mesmo dia na história das Olimpíadas. Foi na madrugada, mas o dia 18 de agosto de 2016, nas famosas areias –ao lado do não menos contemplado calçadão e do mar– de Copacabana, tinha mesmo que terminar com ouro.
Vôlei brasileiro
Alison e Bruno a quinta medalha dourada do Brasilna Rio 16 – e já é a melhor participação brasileira na história dos Jogos.
Até agora o vôlei ainda não tinha ficado no topo do pódio. Na quarta-feira, Ágatha e Bárbara faturaram a prata no vôlei de praia feminino. Já Larissa e Talita perderam o bronze para a dupla dos EUA.
No vôlei de quadra, a equipe masculina ainda está na disputa do ouro. A seleção comandada por Bernardinho pega a Rússia na semifinal nesta sexta-feira e, se vencer, enfrentará Estados Unidos ou Itália na decisão. Já as brasileiras foram eliminadas pela China nas quartas de final.