O futuro é incerto para o combalido esporte brasileiro após a Olimpíada. Dificilmente se manterá o mesmo nível de investimentos do último ciclo. Ainda assim, o desafio maior não está em uma possível escassez de recursos. Enquanto permanecer o atual sistema de escolha dos dirigentes das entidades esportivas, não haverá real evolução.
Os atuais presidentes de confederações foram escolhidos pelo voto das federações estaduais. No máximo, precisaram convencer 14 dos 27 estados - isso quando há federações em todos os rincões do país, o que não é tão frequente. A tentação para o toma lá, dá cá, é grande demais. Leva-se um presidente de federação para uma viagem aqui, dá-se uma vantagem acolá, e ganham-se aliados. O colégio eleitoral é pequeno demais, e, assim, fácil de controlar. Não à toa temos exemplos de dirigentes que estão no poder há mais de duas décadas.
A nova lei, sancionada por Dilma em 2013, limita a dois mandatos de quatro anos a permanência do mesmo dirigente. Estabelece, também, a obrigatoriedade da "participação de atletas nos colegiados de direção e na eleição para os cargos da entidade". É um avanço, mas não uma tábua de salvação.
A transformação necessária passa pela total implosão do atual sistema eleitoral. Clubes e atletas têm de ter representação direta - todos com direito a voto. Quebradas, as federações estaduais não têm condições de falar em nome de seus filiados. É preciso romper com o grupelho que se forma nessas entidades e oxigenar a gestão com novos nomes, sob o risco de a nova lei promover a simples troca de um dirigente por seu aliado mais próximo, perpetuando modelos ultrapassados.
* ZH Esportes