Ninguém é mais brasileiro do que o argentino Fernando Meligeni. Poucos atletas honraram tanto o verde e amarelo quanto o francês Rodrigo Pessoa ou o britânico Flávio Canto. Seja por naturalização, caso do tenista, ou tendo nascido fora do país por força da atividade dos pais, como o cavaleiro e o judoca, a brasilidade de alguém se dá pela relação direta com a nação. O mínimo que se espera é que fale o idioma português. Nenhum destes - há outros casos - se tornou brasileiro por casuísmo ou para mascarar uma situação.
O esporte olímpico nacional já teve atletas que se aproveitaram de uma cidadania possível e compuseram equipes brazucas como os norte-americanos Thomas Hintnaus no atletismo nos anos 80 e Gabrielle Rose na natação na década de 1990. Nenhum deles deixou ou sente saudades, e poucos - ainda bem - sabem quem eles foram ou o que (não) fizeram por nosso país
Em função dos Jogos do Rio 2016, eis que o pólo aquático resolveu aprimorar a terceirização patriótica para reforçar uma seleção que jamais teria chance de pódio. Há alguns dias um time "brasileiríssimo" ganhou um jogaço dos croatas, campeões olímpicos, pela Liga Mundial. Somos candidatos ao título e passamos, de uma hora para outra, a pensar em medalha olímpica contando no time, treinado por um croata, com outro croata como atleta, dois espanhóis, um italiano e um cubano. Há ainda um goleiro sérvio em processo de naturalização. Todos têm, é verdade, condições legais para serem brasileiros e defenderem a Seleção.
Há, porém, a clara intenção de formar uma equipe visando a medalha, sem um comprometimento com o desenvolvimento da modalidade no país. Soa muito artificial, muito do gênero "ganhar a todo custo" ou implementar um "jeitinho" para vencer, algo que Meligeni, Rodrigo Pessoa ou Flávio Canto nunca precisaram.
*ZHESPORTES