Quem conhece o universo olímpico brasileiro sabe que o futebol masculino é um caso à parte em relação às demais modalidades. Existe um misto de ressentimento, talvez inveja, mas, acima de tudo, uma consciência de que a realidade futebolística não tem parâmetros nos outros esportes. Os boleiros recebem um tratamento muito mais paternalista, raramente entram numa Vila Olímpica, não simbolizam necessariamente o "sacrifício pelo esporte" e ainda - ideia geral - ganham muito mais e têm mais visibilidade.
Não são raros comentários de alívio quando da ausência brasileira no torneio olímpico de futebol como ocorreu em 1992 e 2004. A Fifa e o Comitê Olímpico Internacional já acenaram algumas vezes com a possibilidade de exclusão do esporte do calendário das limpíadas. Claro que isto não ocorreria no quintal dos inventores ingleses, em 2012, ou dos fanáticos brazucas agora em 2016. Já no futuro...
Esta rivalidade, porém, não tem caráter pessoal, é ideológica, tanto que pouquíssimos secam a Seleção Brasileira. Será com a torcida da totalidade que se disputará o torneio olímpico de 2016, cuja final será no sagrado Maracanã, o mesmo que jamais viu nosso país ganhar uma Copa do Mundo. O sonho da inédita medalha de ouro para o futebol pelo Brasil é um desafio maior do que se pensa, não só por ser em casa. Certamente até os que torcem o nariz estarão felizes vendo a seleção olímpica quebrar o jejum e finalmente gritar para o mundo de dentro do Maracanã que "É ouro!". Talvez não haja outra chance.
*ZHESPORTES