Roland Garros voltou a trazer orgulho para o tênis brasileiro. Após 14 anos, um tenista brazuca conquistou novamente um título no saibro francês e de forma inédita. Ao lado do croata Ivan Dodig, o mineiro Marcelo Melo faturou o título de duplas masculinas no Grand Slam favorito dos brasileiros.
Após derrotarem na final os irmãos norte-americanos e favoritos ao título Bob e Mike Bryan por 2 sets a 1, Melo e Dodig conquistaram o seu primeiro título de Grand Slam na carreira. Em 2013, a dupla do mineiro bateu na trave ao perder a final de Wimbledon para os irmãos estadunidenses.
Marcelo Melo conquista título inédito para o Brasil nas duplas em Roland Garros
Em seu retorno ao Brasil, o brasileiro teve uma recepção digna de ídolo nacional.
Foto: Marcel Paluti/Vipcomm
Em entrevista exclusiva ao jornal Zero Hora, Marcelo Melo lembra da conquista tão sonhada na carreira e revela a próxima meta: o ouro olímpico.
O que significa esse título em Roland Garros na sua carreira e qual a sensação de trazer para o Brasil uma conquista inédita?
Significa muita coisa. É tudo o que sempre almejei, ganhar um Grand Slam. Tenho batalhado há anos para ganhar este título. Poucos sabem o que nós, tenistas, temos que abrir mão da família, dos amigos, para estar jogando fora. Mas a recompensa vem a cada partida e, claro, com este título. Ganhar Roland Garros, um torneio especial para os brasileiros, por tudo o que ele representa em razão do Guga, é outra coisa me deixa muito feliz. Somos amigos, já fiquei vários dias na casa dele, e sempre me tratou muito bem. É uma emoção indescritível.
O que você achou do apoio da torcida brasileira mesmo de longe? Já passou por algo parecido antes?
Foi sensacional ter o apoio da torcida. Foi criada a #somostodosgirafa e isso me motivou demais. Recebi inúmeras mensagens de apoio e força. Agradeço muito a toda torcida.
Ter o Guga te assistindo na arquibancada foi uma motivação ou mais uma pressão pelo título?
Foi uma motivação, sem dúvida. Ele me passou tranquilidade. Quando o vi ali, apesar de muitos acharem que poderia ficar nervoso, me desconcentrar, consegui jogar ainda mais focado, determinado.
Os irmãos Bryan são uma "pedra no sapato" há algum tempo. Quando vocês começaram perdendo, foi difícil manter a concentração?
Difícil não, pois se não tivéssemos mantido nosso foco, o jogo se perderia rapidamente. Sabia estava enfrentando a melhor dupla da história, mas que por um detalhe não fechamos o set. Então, procuramos encontrar uma brecha para tentar quebrá-los. E foi isso que ocorreu
Você acredita que, com esse título, o tratamento dado para as duplas melhore?
Eu acredito que já está mudando. Tenho visto uma melhora na exposição dos duplistas. Temos emissoras de TVs no Brasil transmitindo jogos de duplas, além de a ATP ter aumentado a cobertura ao vivo. Acredito que comigo, Bruno e André, as duplas têm ganhado maior espaço e, consequentemente, mais fãs e adeptos.
Como é ter o Ivan como parceiro? Vocês são muito próximos?
Ele é uma grande pessoa. Somos bem diferentes. Ele, mais calado, e eu agitado. Acredito que isso ajude nossa parceria. Temos características que se complementam. Somos amigos sim. Quando não estamos juntos, procuramos conversar. É uma amizade acima de tudo.
Foi difícil escolher ser um duplista?
Foi uma decisão natural. Comecei a ter melhores resultados como duplista, além de conseguir um patrocínio com a Centauro, cuja condição era jogar em duplas.
Podemos ter a esperança de ver um dia a dupla Melo e Soares junta novamente? Sem ser pelas disputas da Copa Davis ou pelas Olimpíadas.
Acima de tudo somos grandes amigos. Nos conhecemos desde os cinco anos de idade. Temos uma relação muito boa, mas cada um tem obtido os melhores resultados da carreira desta forma. Quando estamos juntos, reunimos todas as nossas forças. A Copa Davis é um exemplo disso. Vamos ver mais pra frente, mas por enquanto estamos bastante felizes com nossos resultados.
Depois da conquista do seu primeiro Grand Slam, quais são as próximas metas?
Passamos muito perto de Wimbledon e ATP Finals. Para este ano, é tentar ser campeão destes dois torneios, mas as dificuldades são enormes. Mas o objetivo principal é ganhar uma medalha olímpica. É sonho que convivo diariamente.
O ouro olímpico virou uma obrigação?
Não digo obrigação, mas ganhar uma medalha olímpica, no meu país, virou a minha grande meta até 2016. Será fantástico conquistá-la, ainda mais sendo de ouro.
Qual o legado ou o conselho que você gostaria de passar para os juvenis que estão em dúvida entre simples e duplas?
Falo sempre que as pessoas precisam acreditar em seus sonhos e terem determinação.
Depois de 14 anos, um brasileiro voltou a ser campeão em Roland Garros. O que isso representa para o tênis brasileiro?
Sem dúvida. É colocar novamente o Brasil no topo do tênis mundial.
*ZHESPORTES
Entrevista
"Ganhar uma medalha olímpica virou a minha grande meta", afirma Marcelo Melo
Tenista campeão de Roland Garros revela que conquistar um ouro no Rio em 2016 é seu maior sonho
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: