Porto Alegre é um dos tantos lugares em que Maguila, um dos maiores boxeadores do Brasil, fez história. O ex-pugilista, que morreu nesta quinta-feira (24), aos 66 anos, subiu ao ringue no Gigantinho em 1988. Na ocasião, bateu por nocaute o argentino Jorge Guido Cambiasso, conquistando o título do Campeonato Sul-Americano.
No final do verão de 1988, a capital do RS vivia a ansiedade em receber o ídolo do pugilismo nacional. José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, chegou a Porto Alegre em 11 de março daquele ano, três dias antes de lutar pela primeira — e única — vez em solo gaúcho, e logo foi assediado por fãs. Segundo reportagem de Zero Hora da época, ele "foi atencioso, mas também se mostrou impaciente para chegar logo ao hotel".
"À tarde, Maguila foi treinar na Academia Walter Lee. No caminho, foi constantemente interceptado por fãs e curiosos que queriam vê-lo de perto. Afinal, era a primeira vez que caminhava pelas ruas de Porto Alegre. Alunos de boxe aguardavam sua chegada e mais alguns mestres como Te Bo Lee, do Taekwondo", relata uma reportagem da época.
O carinho dos gaúchos pelo pugilista sergipano foi colocado à prova mesmo na noite de 14 de março. Mais de 12 mil pessoas estiveram presentes nas arquibancadas do ginásio Gigantinho, ao lado do Beira-Rio, para torcer para o já lendário Maguila.
Ao todo, antes mesmo de subir ao ringue, o lutador já acumulava um cartel de 28 vitórias em 30 lutas, sendo 23 por nocaute. Em Porto Alegre, mesmo com dificuldades impostas pelo adversário Jorge Guido Cambiasso, venceu a luta no sétimo round, deixando o argentino nas cordas e conquistando sua 29ª vitória e seu 24º nocaute. Mais do que isso: manteve o cinturão de campeão sul-americano de pesos-pesados, conquistado pela primeira vez em 1984, e depois novamente em 1986.
"Quando consegui achar ele, peguei e derrubei"
Conforme relato da reportagem de Zero Hora da época, um dos sintomas mais evidentes da luta era que Maguila, embora batendo com persistência, não conseguia encontrar seu melhor boxe contra um adversário bastante corajoso e movediço. Depois, foi justamente o que o lutador também destacou nas entrevistas:
— Ele era muito rápido, não deixava eu encostar. Quando consegui achar ele, peguei e derrubei.
Maguila estava havia dois meses praticamente sem treinar, em férias. Apesar disso, garantiu que estava em boa forma física para o desafio:
— Me senti muito bem. O problema é que ele tinha 12 quilos a menos, e se mexia mais. Mas, graças a Deus, fiz um bom combate.
*Produção: Leonardo Bender