O tênis brasileiro tem novos motivos para sorrir e sonhar. Destaque nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a paulista Laura Pigossi ganhou duas medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Chile e ainda recebeu rasgados elogios de Fernando Meligeni, 52 anos, um dos principais nomes da modalidade no país. Em entrevista a GZH, o ex-tenista ainda apontou Luísa Stefani e Bia Haddad Maia como candidatas a se tornarem número 1 do mundo nas duplas e na simples, respectivamente.
Além do ouro na simples feminina, Laura foi campeã no Pan nas duplas, jogando ao lado da conterrânea Luísa Stefani, 26 anos, repetindo a parceria que fez história ao ganhar o bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, no que foi o melhor resultado da história do tênis brasileiro em Olimpíadas.
— A Laura é uma grande guerreira, uma jogadora que sabe extrair do seu jogo o máximo que ela pode. Ela é de alguma maneira eu. Eu me vejo um pouco nela. Uma jogadora um pouco limitada em alguns aspectos técnicos, mas com um coração absurdo, com uma mentalidade absurda, com uma vontade absurda. E isso mostra para todo mundo que jogar tênis não é só bater na bola. Nem todo mundo é Federer no tênis. Você tem que ter muito dentro do teu corpo. E a Laura tem demais. A Laura tem muita luta — elogiou Meligeni, que esteve em Porto Alegre nesta semana para acompanhar a 37ª edição do Torneio Seniors International, na Associação Leopoldina Juvenil.
Em entrevista ao podcast Saque na Cinco, de GZH, Meligeni elogiou ainda a sintonia de Laura e Luísa em quadra. Curiosamente, "Fininho", como o ex-tenista é conhecido, era até 2021 o dono do maior resultado olímpico do tênis brasileiro na história, já que chegou às semifinais dos Jogos de Atlanta, em 1996. Em Tóquio, porém, a marca foi batida de forma surpreendente pela dupla feminina, que conquistou o bronze.
— Quem já esteve lá dentro sabe muito bem que às vezes a dupla pode ser meio inesperada, como foi a dupla da Laura e da a Luiza nas Olimpíadas. Mas quando essa sinergia bate, pega o lado anímico e aí uma puxa a outra. Você consegue resultados absurdos depois que sai o resultado. O bronze em Tóquio era meio que inesperado. A alegria delas você via não só no jogo de dupla, mas também a Luiza ajudando muito a Laura na simples. E a dupla casou. Você tem uma jogadora que é super aguerrida, como é a Laura, que luta em todas. E do outro lado você tem a Luiza, que joga uma dupla absurda e que tem uma noção de rede que poucas pessoas tem. Homem, mulher, ninguém tem a noção de rede que ela tem — aponta Meligeni.
O ex-tenista, que foi medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, afirmou que os resultados do tênis brasileiro no Chile devem ser valorizados.
— Como a gente não vai dar importância ao Pan-Americano se 20 anos depois as pessoas continuam falando do meu jogo contra o (chileno) Marcelo Rios, que valeu o ouro? Eu acho que que a gente tem uma obrigação moral de representar nosso país. Se a gente quer ter o respeito no tênis, a primeira coisa que a gente, como tenista, tem que fazer é respeitar as grandes competições. E o Pan-Americano é uma grande competição _ opinou.
Por fim, Meligeni destacou os bons resultados recentes de Bia Haddad Maia no circuito e traçou um bom prognóstico para o futuro do tênis feminino brasileiro.
— Eu não me surpreenderia se amanhã a Bia alcançasse o número 1 do mundo. Se eu fosse número 1 o mundo, eu falaria "deixa eu descer que tem coisa errada". Eu não tinha tênis para ser o número 1, mas a Bia tem. A Luísa (Stefani) tem tênis para ser número 1 nas duplas. A Laura (Pigossi) tem espaço para entrar ainda mais pra dentro das 100 do mundo. A partir daí ela terá que fazer alguns ajustes dentro do jogo, mas é uma grande jogadora. Estamos muito bem servidos e poderemos ir ainda mais pra frente — finalizou.