A recomendação do Comitê Olímpico Internacional (COI) para que atletas russos e bielorrussos sejam reintegrados às competições internacionais rendeu críticas de todos os lados. Condenado por nações, federações e atletas favoráveis ao banimento, o posicionamento desagradou também o Comitê Olímpico Russo, que não concordou com os critérios estabelecidos para que seus atletas sejam reintegrados aos campeonatos.
— A decisão do comitê executivo do COI é uma farsa que viola os princípios do COI e da ONU. As condições anunciadas são absolutamente inadmissíveis — afirmou Stanislav Pozdniakov, presidente do comitê russo, em entrevista coletiva à imprensa local.
O COI recomendou às federações esportivas que permitissem a participação de atletas da Rússia e de Belarus, de acordo com alguns critérios. Os esportistas das duas nações podem competir individualmente de forma neutra, sem representar nenhuma bandeira, desde que não tenham nenhuma ligação militar com seus países e que não tenham apoiado a invasão promovida pela Rússia na Ucrânia, motivo das sanções em vigor ao redor do mundo atualmente.
De acordo com o Ministério de Defesa da Rússia, mais de 20 medalhistas russos dos Jogos Olímpicos de Tóquio ocupavam cargos militares e 45 eram filiados ao Clube de Esportes do exército. Esse é um dos motivos que causaram a revolta do comitê russo em relação aos critérios.
Outra regra determinada pelo COI é que a liberação não se estende a esportes coletivos. Também fica proibido aos atletas a exibição de bandeiras nacionais nas redes sociais ou declarações "que possam ser prejudiciais aos interesses das competições, sua integridade e à neutralidade do participante."
Stanislav Pozdniakov classificou os critérios como "gratuitos, excessivo e sem fundamento jurídico". De acordo com ele, tais determinações impedem a participação de quase 30% dos esportistas russos.
— Essa postura contradiz a Carta Olímpica. Exigimos as mesmas condições para os esportistas de todos os países— afirmou. Apesar disso, Pozdniakov considerou a recomendação do COI como um sinal de que o banimento total introduzido logo após a invasão, em fevereiro do ano passado, "foi um erro".
O posicionamento do COI a favor do retorno de russos e belarussos às competições internacionais não se estende à participação desses atletas nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. De acordo com o presidente da entidade, Thomas Bach, uma declaração a respeito do assunto será dada "no momento apropriado".