O programa espanhol El Chiringuito se posicionou sobre a expressão utilizada em 15 de setembro por um dos comentaristas para se referir ao atacante brasileiro Vinícius Júnior e que foi considerada pelos internautas como racista. Em um comunicado, lido ao vivo na noite deste domingo (18), a direção da atração pediu desculpas ao jogador, mas negou que tenha sido um caso de racismo.
Durante a exibição do programa deste domingo, o apresentador Josep Pedrerol leu um texto de esclarecimento em que afirma que a expressão "fazer macaquice" não tem cunho racista na Espanha.
— Quero deixar um recado para todos os brasileiros: a expressão "fazer macaquice", na Espanha, é fazer papel de bobo. Não é racista. Mas na tradução foi mal interpretada. Peço desculpas ao Vinícius caso isso o incomodou. Um forte abraço e continue a dança — disse Josep.
O comentarista Javier Balboa também se manifestou sobre o assunto e justificou que a expressão utilizada pelo empresário e jornalista Pedro Bravo apesar de ser infeliz, pode ter sido tirada fora de contexto.
— A expressão de Pedro Bravo é infeliz e se alguém coloca nas redes sociais pode ser mal interpretada — afirmou Javier.
Confira os vídeos:
Entenda o caso
Em 15 de setembro, o comentarista Pedro Bravo utilizou a expressão "fazer macaquice" para se referir ao jogador brasileiro Vini Jr., que atua como atacante no Real Madrid. Na ocasião, o empresário e jornalista criticava as dancinhas que o atleta fazia após fazer um gol.
— Você tem que respeitar o adversário. Quando você faz um gol, se quer dançar, que vá ao sambódromo no Brasil. Aqui o que você tem que fazer é respeitar os companheiros de profissão e deixar de fazer macaquice — disse Bravo.
Na ocasião, Tomás Roncero, setorista do Real Madrid no jornal espanhol As e que é também um dos comentaristas do programa, discordou do colega e tentou fazê-lo refletir sobre o que havia sido dito.
— Espera aí, um jogador que dança não está "fazendo macaquice" — argumentou Roncero.
Mesmo com a discordância do colega, Pedro manteve seu posicionamento:
— Como que não? — questionou Bravo.
Visivelmente incomodado com a situação, Tomás finalizou a discussão:
— É uma pessoa e você tem que respeitar isso.
Pouco depois da transmissão do programa, diversos internautas criticaram o comentarista e e atração. "Vinícius Júnior sofre preconceito desde sempre. Ele é preto e favelado, a sociedade não está pronta para vê-lo vencendo na vida sendo um exemplo para as crianças de todo o mundo", escreveu um usuário do Twitter. "Leve, puro e sempre com sorriso no rosto. Infelizmente sua felicidade incomoda muita gente, mas você é maior que todo isso", disse outro.
Cânticos racistas
Vinícius Júnior foi vítima de racismo na tarde deste domingo, minutos antes do início da partida entre Real Madrid e Atlético de Madrid. Na ocasião, a torcida adversária começou a entoar cânticos racistas contra o jogador.
Em áudios captados pela Rádio Cadena Cope, é possível ouvir um coro racista: "É um macaco, Vinicius é um macaco", gritavam alguns torcedores.
Esse não é o primeiro episódio de racismo enfrentado pelo atleta. Em 16 de setembro, após o episódio ocorrido no programa El Chiringuito, Vini relatou em suas redes sociais que desde que chegou ao país europeu vem sendo discriminado e que ultimamente estavam até utilizando as dancinhas que ele faz como forma de atacá-lo.
— Há semanas, começaram a criminalizar minhas danças. Danças que não são minhas. São do Ronaldinho, do Neymar, do Paquetá, do Pogba, do Matheus Cunha, do Griezmann e do João Félix. Dos funkeiros e sambistas brasileiros. Dos cantores latinos de reggaeton e dos pretos americanos. São danças para celebrar a diversidade cultural do mundo. Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar. Não costumo vir publicamente rebater crítica. Sou atacado e não falo, sou elogiado e também não falo. Eu trabalho, e muito. Dentro e fora de campo — manifestou Vini Jr. em um vídeo.