No player break, período de paralisação das principais competições de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), a maioria dos jogadores de CS que atuam fora do Brasil aproveitam o período para retornar ao Brasil e visitar a família. Por conta da grande agenda dos atletas em meio à temporada e da exigência de muito treino e viagens pelo mundo para a disputa das competições, são poucos os que conseguem conviver com familiares por mais do que duas vezes ao ano.
Assim é a vida de Eduardo "Dumau" Wolkmer desde os 16 anos. O jogador da 00 Nation, organização europeia que conta com Arthur, ex-Grêmio, como um de seus investidores, deixou a família em Viamão para viver o sonho de ser pro-player de CS em 2020 e, desde então, passou por São Paulo, Estados Unidos, México e Portugal.
— Quando eu falei que iria para São Paulo minha mãe ficou maluca. Eu precisei ir desenvolvendo a ideia aos poucos, para que tanto ela como o meu pai, se acostumasse. Quando chegou a oportunidade, eu falei que eu precisava ir porque era o meu sonho. Que eu queria fazer o que eu gostava e que eu tinha a minha própria visão de futuro — recordou o jogador de 18 anos ao podcast G-Start.
Até chegar ao profissionalismo, o jogador precisou ajudar a família em casa para guardar dinheiro até ter condições de comprar o seu próprio computador. Apesar de todo o apoio dos pais, Dumau sempre precisou correr atrás de seus objetivos. E essa experiência ele carrega com orgulho em sua vida.
— Minha família sempre foi humilde e, graças a Deus, meus pais sempre me apoiaram. Tive privilégio nisso. Mas, mesmo assim, sempre dei muito duro para conquistar e atingir meus objetivos. Isso sempre foi muito presente na minha vida e eu carrego isso comigo — afirmou.
Gratidão aos "pais" do CS e passagem pela Godsent
Após o período defendendo a Yeah Gaming, Dumau foi convidado por Epitácio "TACO" de Melo para integrar o projeto da Godsent, organização da Suécia. O gaúcho se juntou ao bicampeão do Major na equipe que também contava com João "Felps" Vasconcellos, Bruno "B4rtin" Câmara e Bruno "Latto" Rebelatto.
— Foi um período de muito aprendizado para mim, tanto como pessoa quanto jogador. Aprendi muitas coisas e conheci muitas pessoas que influenciaram e me ajudaram muito na minha carreira. Como por exemplo a Camila "Mamacita" Pompei e ao Ricardo "Dead" Sinigaglia, que são como pais para mim e para o CS brasileiro — comentou Dumau.
Após um início de projeto promissor, com boas campanhas e a participação no Major da Suécia em 2021, o primeiro semestre de 2022 foi abaixo da expectativa. O time passou por mudanças de jogadores, teve uma queda drástica no rendimento e não conseguiu vaga para o Major na Bélgica.
— Tivemos muitos problemas internos que foram acumulando e que acabou explodindo nesse primeiro semestre. Trocamos jogadores e essa mudança sempre acaba impactando demais no rendimento do time. Mas ficou o aprendizado e isso é válido também — concluiu.
Nova fase na 00 Nation
A partir dos resultado abaixo da expectativa, a Godsent encerrou o projeto com o time brasileiro, negociando os atletas com a 00 Nation. Na nova organização, Taco reencontrou seu companheiro de SK e LG, Marcelo "Coldzera" David, e levou junto a dupla Dumau e Latto. A união das equipes resultou em uma união de Brasil e Argentina, já que Cold manteve na 00 o AWP (Sniper) Santino "Try" Rigal.
— É um time que encaixa muito. O Try é um AWP de muita qualidade. O Coldzera é um jogador muito experiente, que já foi top 1 do mundo duas vezes e ganhou o Major. O Taco é um jogador agressivo e tem muitas ideias boas de jogo e o Latto é o cara que faz tudo bem feito — explica Dumau.
A dupla "TACOLD" fez sucesso nos áureos tempos do CS:GO brasileiro e o reencontro desses dois jogadores tem sido importantíssima para que a nova 00 Nation decole. Além disso, segundo Dumau, a experiência dos dois jogando juntos é algo que se destaca, principalmente, para quem está ao seu lado durante as partidas.
— O Taco e o Cold tem uma sintonia tão grande que às vezes um não precisa nem falar com o outro. Só observando a movimentação do Taco, o Cold já complementa a jogada e vice-versa. Por ser o capitão, o Taco passa a estratégia no início dos rounds e o Coldzera fala no meio do round, se for necessário. Cada um vai ajudando o outro — comentou.
Taco como espelho
Dumau também não esconde sua admiração por seu capitão. Quando fala sobre Taco e a importância que ele tem para a sua equipe, o gaúcho não mede palavras para exaltar o jogador que, por muitas vezes, recebeu muitas críticas da torcida brasileira.
— Eu levo ele como exemplo de jogador e pessoa. Ele só quer o bem dos outros. Ele não vê problema de tirar dele para ajudar ao próximo. Eu tento aprender muito com ele. Ele é injustiçado porque a galera não vê esse lado. Não tem como mostrar isso no jogo. Só vê quem convive com ele. Ele vai fazer o que for preciso para ganhar. Vai entrar na frente de todo mundo, vai pular e, se for necessário, vai morrer com uma flash (granada) na mão para ganhar o round. Ver isso de uma pessoa que ganhou tanto é inspirador — finalizou.