Rafael Nadal não carrega o rótulo de rei do saibro por acaso. O espanhol é disparado um dos melhores jogadores nas quadras de terra batida e comprovou diante de Novak Djokovic, em duelo das quartas de final de Roland Garros, nesta terça-feira (31). Com 6/2, 4/6, 6/2 e 7/6 (4) em 4h12, ampliou sua freguesia sobre o número 1 do mundo no Grand Slam de Paris, com 8 a 2, e com 20 a 8 no piso preferido.
Desde a entrada na quadra dos tenistas na quadra Philippe-Chatrier, a principal do complexo de Roland Garros, já dava para imaginar como seria o 59° confronto entre ambos em 16 anos de rivalidade. Nadal estava sorridente e descontraído, enquanto o sisudo Djokovic não escondia a preocupação.
O espanhol dá mais um passo para seu 14° título em Roland Garros e agora ganha o apoio do sérvio. Para não perder a liderança do ranking, Djokovic torce para que Alexander Zverev não seja campeão do torneio. O alemão é o rival de Nadal nas semifinais.
— É muito emocionante. Obrigado, obrigado, obrigado. Para ganhar de Djokovic, só jogando em altíssimo nível — disse o espanhol, sem segurar as lágrimas, agradecendo o apoio das arquibancadas. Foi aplaudido e agradeceu também seu staff.
O confronto tão aguardado começou com um primeiro game de quase 11 minutos e quebra de Nadal. Djokovic teve duas chances de devolver no quarto game e desperdiçou. Não aproveitou e voltou a perder o serviço logo depois. O espanhol sacou para fechar com 5 a 2. Com devolução do sérvio na rede, fez 6/2 em um set totalmente dominado pelo número 5 do mundo. Os erros não forçados custaram caro para Djokovic.
O segundo set começou novamente com um primeiro game longo. Com devoluções na linha e passadas, Nadal irritou o sérvio. Após 13 minutos e ida à rede, o espanhol aproveitou seu sétimo breakpoint para fazer 1 a 0. Com ace, ampliou para 2 a 0.
Nada dava certo para o número 1 do mundo. Com o 11° game em andamento, já havia cometido 10 erros não forçados. Na base da força, ele tentava voltar para o jogo. Mas o semblante fechado mostrava que não se sentia à vontade em quadra. Tinha 40 a 15 e foi novamente quebrado, ficando com 3 a 0 contra.
O sérvio precisa se reinventar e, em impressionante reação, virou após bola para fora do espanhol e nova quebra, por 6/4. Nadal já não encaixava suas jogadas e o atual campeão festejou apontando para a cabeça, ressaltando a batalha mental.
Pelo terceiro set seguido, Nadal começou abrindo 2 a 0. Mais concentrado e sem dar chances, fechou em 6/2 mais uma vez, encaminhando a revanche de final de 2021, na qual levou 3 a 1 do oponente.
O quarto set começou com Djokovic, enfim, abrindo 1 a 0, e levando sonora vaia ao mandar uma bola na rede e golpeá-la com sua raquete, irritado com o erro no lance. Mesmo bravo e sob pressão, foi logo fazendo 3 a 0. Sacou com 5 a 3 para fechar, teve dois set points, mas não aproveitou e acabou quebrado. A parcial seria decidida no tie-break. Com Nadal implacável e fechando por 7/4 e provando que as quadras de saibro de Paris são uma extensão de sua casa.
Agora, no histórico de 50 confrontos, o sérvio tem 30 vitórias contra 19 do espanhol que pode ganhar em Paris seu 22° troféu de Grand Slam. Djokovic e Roger Federer somam 20, cada. Entre as mulheres, a australiana Margaret Court lidera com 24 conquistas contra 23 da norte-americana Serena Williams.