
Depois de seis anos na Série B do Brasileirão, o Brasil-Pel está matematicamente rebaixado para a Terceira Divisão do futebol brasileiro. Na última terça (2), a derrota para o Avaí, no Bento Freitas, tirou as chances do Xavante sair da zona de rebaixamento até o final do campeonato, decretando o descenso.
Após um oitavo lugar na Série B de 2017, quando chegou a brigar pelo acesso para a Série A, o time de Pelotas nunca mais conseguiu manter um desempenho acima da média na briga por uma vaga na primeira divisão. Alternou bons e maus momentos durante grande parte dos campeonatos de 2018, 2019 e 2020, quando chegou a ficar próxima da zona de rebaixamento, mas acabou na 12ª posição, na frente do Cruzeiro, inclusive.
No entanto, o Gauchão de 2021 já dava sinais de que a temporada deste ano seria perigosa para o Brasil-Pel. A equipe fez apenas 12 pontos e conviveu com os arredores do rebaixamento para a Divisão de Acesso basicamente durante todo o campeonato (acabou terminando em nono, com três pontos a mais que o primeiro time rebaixado).
A campanha (até agora) de apenas quatro vitórias, 11 empates e 18 derrotas simboliza a dificuldade técnica que a equipe teve durante a disputa da competição. Os maus resultados fizeram a direção trocar o comando por duas vezes. Primeiro, Cláudio Tencatti deixou a equipe para que Cléber Gaúcho assumisse. Depois, o ídolo xavante deu lugar a Jerson Testoni, que já está há sete partidas à frente do time, com duas vitórias.
O cenário dentro de campo foi ainda piorado com os problemas fora do gramado. No começo de outubro, após um período afastado por questões de saúde, o presidente do Brasil-Pel, Nilton Pinheiro, renunciou ao cargo. Na ocasião, conforme o estatuto do clube, um dos vices-eleitos deveria assumir a função. Carlos Monks, que era o vice-administrativo, aceitou.
Há poucos dias, Monks anunciou que se afastará do Brasil-Pel. Assim, novas eleições precisam ser feitas no clube da zona sul do Estado. Além da vacância na presidência, a equipe convive com crises internas, especialmente envolvendo a continuidade ou não do trabalho do coordenador de futebol, Hélio Vieira.
— Desde o começo, o desconforto era visível na rua João Pessoa. O começo foi quando Nilton Pinheiro ficou do lado do gerente Fernando Leite, quando os integrantes do departamento de futebol claramente acabaram perdendo muito de sua alçada, pelo fato de Pinheiro, inexplicavelmente, ter transformado Leite em “super funcionário”. Teve muita coisa fora do campo — analisa Eduardo Torres, comentarista da Rádio Dez e colunista do portal Rede Esportiva.
Recentemente, o técnico Jerson Testoni criticou, depois da vitória contra o Náutico, no dia 28 de outubro, o planejamento do Xavante para a temporada de 2022.
— Estamos chateados com algumas coisas que estão acontecendo sobre o planejamento. Tínhamos dado início a uma situação e agora está mudando tudo. Isso nos preocupa. Não estou feliz. Vamos precisar de cuidado e cautela para não correr o mesmo risco deste ano. Viemos para ajudar. A partir do momento em que você inicia um planejamento, e isso muda, ficamos preocupados. Espero que as coisas voltem ao normal — pontuou Testoni.
Somados a esses fatores, ainda pesou a questão financeira. O clube de Pelotas não vive um bom momento nos cofres. A folha girava em torno de R$ 540 mil, sendo que o salário de parte dos jogadores emprestados eram pagos pelos seus clubes de origem. Passo a passo, o time foi caindo, sendo a derrota para o Avaí a pá de cal nos sonhos xavantes na Série B do Brasileirão.