Engajado em causas sociais, Lewis Hamilton não deixou a oportunidade de estar no Catar para se posicionar mais uma vez contra as injustiças que acontecem no país do Oriente Médio. O piloto da Mercedes usou nos treinos para o GP de Fórmula 1 deste fim de semana um capacete com as cores do arco-íris, que representa a luta LGBTQ+, com a frase We Stand Together ("Nós ficamos juntos", em tradução livre).
O país é conhecido mundialmente por não respeitar direitos humanos, tendo inclusive passado por duras manifestações e cobranças por parte de seleções europeias que irão disputar a Copa do Mundo em 2022. Hamilton, que está no Catar neste exato momento, usou de sua voz para se unir à causa. Segundo ele, é preciso aproveitar as oportunidades para jogar luz sobre o problema. É crime ser gay no Catar, o que pode levar até à pena de morte.
—Sinto que estamos cientes de que há problemas nesses lugares para os quais nós vamos, pois eles estão em todo o mundo. Mas, sem dúvida, (o Catar) parece ser considerado um dos piores desta parte do mundo — explicou o piloto
O Catar, que assinou um acordo de dez anos para sediar o GP no Circuito Internacional de Losail de 2023 em diante, é alvo de diversos grupos que lutam pelos direitos humanos. Estas entidades acusam o país dos mais variados problemas sociais, como tutelas masculinas, leis machistas contras as mulheres e pessoas que se identificam LGBTQ+. Com relação ao futebol, a denúncia está no descaso com milhares de trabalhadores imigrantes que têm condições precárias nas arenas da Copa, por exemplo.
— Eu acho que na medida em que os esportes vão para esses tipos de lugares, eles têm o dever de conscientizar as pessoas para essas questões sociais. Esses lugares precisam ser denunciados pela mídia para falar sobre essas coisas. Direitos iguais é um assunto sério—acrescentou Hamilton.
Heptacampeão mundial da categoria, Hamilton gostaria que mais atletas utilizassem seu poder de influência para falar sobre assuntos relevantes.
— Se nós vamos a estes lugares, precisamos melhorar o cenário. Uma pessoa só pode fazer pouca diferença, mas coletivamente podemos ter um impacto maior. Eu gostaria que mais esportistas falassem sobre esse problema? Sim. É uma questão de educar a si mesmo e responsabilizar mais o esporte e garantir que ele esteja realmente fazendo algo quando for a esses lugares —afirmou.
Design brasileiro
Lewis Hamilton, que tem Ayrton Senna como maior inspiração no esporte, também é apaixonado pelo Brasil. Sua relação com o País não se limita somente a isso. O piloto britânico tem o design de seus capacetes feitos pelo artista Raí Caldato, nascido em Campinas, no interior de São Paulo.
O brasileiro venceu um concurso proposto por Hamilton em 2017. O contrato era válido para apenas aquela temporada. Mas o britânico gostou tanto do seu trabalho que desde então seus capacetes só são desenhados pelo artista paulista. O heptacampeão da Fórmula 1 sempre tem um pedacinho do Brasil consigo nas pistas.
O capacete usado por Lewis Hamilton no fim de semana no Catar, em apoio à causa LGBTQ+, é mais uma peça do artista brasileiro.