O que você estava fazendo quando tinha 16 anos? Lembra? Júlia Leotte estava marcando um gol histórico.
No último domingo, o Juventude foi até Três Passos enfrentar o Flamengo pelo Gauchão Feminino. Júlia começou a partida no banco de reservas. Foi promovida ao time apenas aos 17 minutos da segunda etapa. E precisou de 24 minutos para gravar o seu nome na história do alviverde.
Aos 41 do segundo tempo, Mariazinha cobrou falta do lado direito de ataque. A bola encontrou a cabeça de Júlia Leotte dentro da área e foi em direção à rede. Ali, naquele instante, o Juventude marcava o seu primeiro gol desde a reabertura do departamento de futebol feminino — o que aconteceu nesta temporada.
— Na hora do gol, a ficha nem cai. Eu não sabia nem como comemorar. Só saí correndo para o banco, na euforia. E foi caindo aos poucos a ficha. Acho que vai demorar para cair totalmente, mas a sensação não tem nem como explicar — complementa ela, relembrando que o Juventude estava com uma atleta a menos na hora do empate:
— A gente teve a cabeça no lugar e conseguimos o empate aos 41 do segundo tempo, com uma a menos, jogando fora de casa. Então, por essas circunstâncias é um gol que acaba sendo mais especial ainda.
O primeiro jogo das gurias, neste 2021 marcante, foi em 7 de julho. À época, enfrentaram o Atlético-GO pelo Brasileirão Feminino sub-18. A partida terminou com um empate sem gols. Depois, o Ju ainda entrou em campo outras cinco vezes — quatro pelo Brasileirão e uma pelo Gauchão —, antes de balançar as redes pela primeira vez.
— A gente sempre comentou que o gol estava demorando para sair, e acho que a pressão não vem nem da comissão, nós mesmas acabamos nos cobrando bastante, porque querendo ou não é o nosso trabalho. É o que a gente gosta de fazer. E ninguém gosta de ficar tanto tempo sem fazer gol. Então, a gente falava que no momento certo o gol iria vir e foi o que aconteceu.
Natural de Tramandaí, Júlia já passou pela base do Grêmio e pelo Mundo Novo, de Três Coroas. Ela chegou ao Juventude por meio da refinaria de atletas, realizada no início da temporada. A partir de então, mudou-se para Caxias do Sul e divide apartamento com duas colegas de sonho: Duda Quadros e Micheli.
—É bem tranquilo, somos bem tranquilas com tudo. Nós nunca brigamos. E como estamos todas buscando o mesmo sonho, nos ajudamos sempre.
Na próxima rodada, o Juventude enfrenta o Elite — atual lanterna do Grupo B, que ainda não pontuou. A partida está marcada para o domingo (10), às 15h, no AABB Ijuí. Com uma vitória — combinada a uma derrota do Flamengo para o Inter —, as gurias do Ju podem assumir a vice-liderança da chave. A meta, agora, é buscar a primeira vitória:
— Sempre sonhamos com a vitória, independente do adversário. A gente vem conversando que dá para ganhar sim. Inclusive, temos que ganhar se quisermos continuar sonhando com a classificação. Acreditamos que temos total capacidade de ir até lá e ganhar o jogo.
10 anos de história na modalidade
O departamento de futebol feminino do Juventude ficou fechado por cerca de 11 anos. De 1998 a 2008, a equipe verde e branca conquistou três títulos do Gauchão Feminino (2004, 2005 e 2006), uma Copa Sul-Brasileira (2004) e um título do Gauchão de Aspirantes (2006).
O primeiro jogo das gurias, em 1998, foi contra o Vasco. Um amistoso que terminou com vitória do Ju, por 4 a 2. Os jornais da época, no entanto, não registraram as autoras dos gols.