Os problemas de relacionamento de Rogério Caboclo com prestadores da CBF não se resumiram às denúncias de assédio sexual e moral que causaram o seu afastamento da presidência da entidade. Em áudio divulgado nesta quarta-feira pela ESPN, há momentos nos quais Caboclo trata com ofensas e xingamentos pessoas que trabalham na sede da CBF.
Em conversa captada na sua sala em julho de 2018, Caboclo e assessores, sem saberem da gravação, comunicam ao mandatário recém-eleito que seria realizado um “media day” (dia com entrevistas, gravações e orientações à imprensa) para apresentar o VAR para a disputa da Copa do Brasil daquele ano.
Informado das presenças do então responsável pelo VAR, Sérgio Corrêa, do instrutor Manoel Serapião Filho e do diretor de arbitragem à época, Coronel Marinho, Caboclo foi categórico:
— Treina esses filhos da p...” —
Pouco depois, um dos assessores destacou o trabalho de comunicação da Fifa com a ferramenta do árbitro de vídeo.
— A Fifa bancou um discurso do que eles querem. ‘E o VAR? Foi perfeito’. (...) ‘Os juízes? Foram ótimos’. Eles não piscam, não piscam. Isso é uma lição desse processo — disse.
Assim que outro assessor da entidade valorizou as lições dadas por Gianni Infantino, Rogério Caboclo cortou e deu opinião veemente sobre o presidente da Fifa.
— Isso é um filho da p..., mas ele é bom por isso — falou o dirigente.
Em outra conversa gravada, Caboclo mostrava o carinho com seu padrinho político Marco Polo Del Nero. O cartola banido do futebol recebia um apelido carinhoso.
- Digamos que esse termo já tem dono. Você sabe que eu não gosto que me chamem de presidente? "Presi" é o MP - confessou.
O dirigente também cortou gastos com funcionários de menor escalão, caso dos três salários pagos a títulos de “bonificação”. Só os diretores tiveram o 14º, o 15º e o 16º vencimentos mantidos. O plano de saúde foi afetado, com funcionários só podendo ter filhos como dependentes.
Havia também regras em relação à rotina na entidade. Ninguém poderia começar o almoço antes do então dirigente, que em alguns dias levava horas trabalhando em sua sala. A sobremesa também só poderia ser servida depois de Caboclo a degustar. Procurado para falar com a ESPN, Rogério Caboclo não respondeu até o momento.