Em ótima fase no Circuito Mundial de Surfe, a brasileira Tatiana Weston-Webb vem colhendo os frutos do trabalho que realizou no ano passado, quando as competições internacionais foram canceladas por causa da pandemia de covid-19. Ela acabou de vencer a etapa de Margaret River, na Austrália, e saltou para a segunda posição no ranking mundial.
— Eu estou bem focada e isso está fazendo bastante diferença. Estou com um técnico novo e as coisas estão dando muito certo. No ano passado, pude trabalhar nos meus equipamentos e no meu surfe por causa da parada nas competições, algo que não conseguia fazer antes — diz a atleta.
Aos 25 anos, ela acabou de fechar mais um contrato de patrocínio, por um ano, com a cerveja Corona, que apoia outros atletas da modalidade como Gabriel Medina, Chloé Calmon, Filipe Toledo e Phil Rajzman. E vibra com o ótimo momento da Brazilian Storm, a tempestade brasileira que tem obtido muitas conquistas na modalidade.
Só para se ter uma ideia, além da vitória de Tati em Margaret River, no masculino o campeão foi Filipe Toledo. Outros dois brasileiros venceram as etapas anteriores, em Newcastle, com Italo Ferreira, e Narrabeen, com Gabriel Medina.
—O Brasil está dominando, é um momento muito especial— avisa a gaúcha.
O momento coincide com a ótima relação dos brasileiros fora da competição.
— Todos estão bem unidos e isso é super especial de ver. Meu marido (o também surfista Jesse Mendes) falou que foi legal que todos foram lá assistir minha final. Estou super grata.É uma onda que ninguém sabe direito como vai ser e isso dá uma empolgação—diz a atleta, que no fim de semana começa a disputa do Rip Curl Rottnest Search, quinta etapa do Circuito Mundial.
A brasileira ainda será a representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em julho, ao lado de Silvana Lima, Italo Ferreira e Gabriel Medina. Mas ela garante que no momento está focada no Circuito Mundial de Surfe.
—É bem difícil pensar no futuro. Eu sou uma pessoa que sempre vivo o momento. Quando estou aqui, estou pensando em Rottnest. Claro que já estou fazendo todas as preparações para ir bem na Olimpíada, é um outro objetivo que tenho —garante a surfista.
Tati nasceu em Porto Alegre, mas ainda bebê (dois meses) se mudou com a família para Kauai, uma ilha no Havaí. Lá, desenvolveu seu talento para o surfe e quando a modalidade passou a fazer parte do programa olímpico, tomou a decisão que mudaria sua carreira.
—Antes eu representava o Havaí e nos Jogos de Tóquio poderia representar os Estados Unidos. Podia ainda optar pelo Reino Unido, pois meu pai é de lá, mas escolhi o Brasil. Essa decisão mudou minha vida para melhor—garante Tatiana.
Agora, ela espera continuar correspondendo a todo carinho que vem recebendo e, quem sabe, deixar um legado para as próximas gerações de mulheres surfistas.
— É um sentimento incrível, realmente meu sonho é inspirar as meninas no Brasil. Isso dá um conforto no meu coração, muitas estão evoluindo bastante. A Silvana Lima mostrou que era possível chegar em um alto nível e vou tentar dar o máximo para continuar esse legado— conclui a atual número dois do ranking mundial da World Surf League (WSL).