Pouco mais de uma semana depois da chegada das 50 mil doses de CoronaVac doadas para a Conmebol, no Uruguai, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ainda busca a liberação junto ao Ministério da Saúde para utilizar as vacinas em território brasileiro.
Em um primeiro momento, assim que a doação foi anunciada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que, se entrarem no Brasil, as doses do imunizante devem ser entregues ao SUS, e não utilizadas pelos clubes de futebol. A declaração do órgão é baseada na Lei nº 14.125/2021, promulgada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 10 de março, que diz que, em caso de importação dos imunizantes, eles devem ser integralmente incorporados pelo Sistema Único de Saúde, "a fim de serem utilizadas no âmbito do Programa Nacional de Imunizações (PNI)".
Por outro lado, a entidade que comanda o futebol na América do Sul salientou em comunicado recente que as doses terão "nome e sobrenome" e "não podem ser desviadas ou usadas em pessoas que não fazem parte do alvo desta campanha".
Em meio a esse dilema, a CBF vem mantendo conversas diárias com o ministério em busca de viabilizar a entrada das vacinas doadas no país. Ao contrário de Paraguai e Uruguai, que iniciaram a vacinação de jogadores, técnicos e funcionários nesta quinta-feira (6), os atletas dos clubes brasileiros ainda não têm prazo para serem imunizados.
— A gente vem conversando com o ministério, aguardando a definição da melhor forma. A gente não pode, e nem quer, ir contra as recomendações do governo ou da Anvisa. A CBF é legalista. Estamos vendo a melhor maneira para que, dentro da lei, façamos o que pode ser feito. Temos que ver o período de vacinação, a logística, os prazos para serem tomadas. É uma engenharia não muito simples. Achamos que tudo tem que entrar no Plano Nacional de Imunizações (PNI). As tratativas são quase diárias, estamos conversando e achando caminhos que sejam legais, éticos e propícios para que tudo dê certo — disse Jorge Pagura, presidente da Comissão Nacional de Médicos da CBF.
A possibilidade de os jogadores de clubes brasileiros se vacinarem enquanto estiverem em competições fora do país — em uma viagem da Libertadores ou da Sul-Americana — ainda não foi avaliada pela CBF, principalmente por não depender única e exclusivamente da confederação.
Segundo a emissora TyC Sports, da Argentina, a Conmebol chegou a sugerir para River Plate e Lanús que se vacinassem no Paraguai nesta quinta — ambos estão lá para confrontos da Libertadores e da Sul-Americana. No entanto, os dois clubes negaram a oferta. O primeiro pela incerteza de quando tomariam a segunda dose, e o segundo com receio dos efeitos adversos na véspera da partida contra o La Equidad-COL.
Em contato com a reportagem de GZH, o Ministério da Saúde afirma ainda estar estudando a situação, sem prazo para a resolução da questão, ainda que exista uma confiança por parte da entidade máxima do futebol brasileira de que a questão seja resolvida nas próximas semanas. A Anvisa, através da assessoria de imprensa, ratifica a primeira nota divulgada e que ainda não recebeu pedido formal para a importação das doses doadas pela Conmebol.