Renovado, afastado de polêmicas extracampo e livre das lesões que o atrapalharam por dois anos seguidos, Neymar é o grande trunfo do Paris Saint-Germain no mata-mata da Liga dos Campeões. Com a provável ausência de Mbappé, que se recupera de um problema no tornozelo, caberá ao craque brasileiro a missão de liderar o time em busca de seu primeiro título da principal competição de clubes da Europa, cuja reta final será disputada em Lisboa.
Dono de um dos maiores salários do futebol mundial, Neymar completou na semana passada três anos desde que chegou ao PSG. Ele foi contratado em 2017 com o objetivo de conduzir o clube de Paris a uma mudança de patamar. Não teve sucesso ainda. Brilhou em competições nacionais, mas não além do território francês. Colecionou polêmicas fora de campo, sofreu com lesões e irritou a torcida quando se aproximou de voltar ao Barcelona. No entanto, o astro permaneceu e agora dá indícios nesta temporada de que está disposto a mudar o cenário e fazer história em Paris.
"Esses três anos foram de muito aprendizado. Vivi tempos de alegria e outros complicados, especialmente quando fui impedido de jogar por causa das lesões. Com ajuda dos companheiros, consegui superar e focar no que realmente importa para todos, que é o nosso desempenho em campo traduzido em títulos. O torcedor, o clube, os fãs, todos podem ver a entrega do nosso time em qualquer jogo", resumiu Neymar.
O atacante teve bom rendimento e assumiu o protagonismo nos primeiros jogos do PSG depois da paralisação dos torneios em razão da pandemia. O camisa 10 anotou cinco gols nas últimas cinco partidas, considerando também os amistosos, o que o fez chegar à marca de 74 gols em 85 partidas e ultrapassar Raí (72, em 285) para se tornar o maior artilheiro brasileiro da equipe - levando em conta só os duelos oficiais, o atacante soma 70 gols em 82 confrontos.
O mais importante dos seus gols recentes garantiu ao PSG a conquista da Copa da França, na final disputada contra o Saint-Étienne e vencida por 1 a 0. Diante do Lyon, na decisão da Copa da Liga Francesa, Neymar não balançou as redes. Bem marcado, foi menos criativo em relação aos duelos anteriores. Ainda assim, foi quem mais buscou a iniciativa. Antes, sem entrar em campo, comemorou a conquista do Campeonato Francês, encerrado precocemente pela pandemia. Com isso, o jogador ostenta nove troféus desde que chegou ao clube.
"Ele sempre foi focado. Só que agora parece que está querendo ainda mais do que sempre quis", opina ao Estadão o ex-lateral Léo, que atuou com Neymar no Santos por cinco temporadas. Os dois conquistaram a Libertadores, em 2011. "Um atleta do nível dele, com a capacidade que tem, quando está querendo de todas as formas conquistar um título de abrangência como o da Liga dos Campeões ninguém consegue parar", reforça o ex-santista.
Nesta semana, Neymar colocará à prova seu poder de decisão fora da França para dar ao PSG o tão sonhado título europeu inédito. O primeiro adversário é a Atalanta, da Itália, no confronto único das quartas de final. O duelo está marcado para quarta-feira, em Lisboa, 16h. Se o time passar de fase, os parisienses terão pela frente RB Leipzig ou Atlético de Madrid.
"Ele é a estrela maior da companhia e está muito a fim. Está mais maduro e pronto para ajudar a dar um título que o PSG ainda não tem", diz Léo. "No jogo contra Lyon, teve uma briga, e ele apareceu para tirar todo mundo da confusão. Isso mostra como está diferente", exemplifica o colega da Vila Belmiro.